Título: FOLHA E CBN RECORREM DE DECISÃO DO TSE
Autor: Cláudia Lamego
Fonte: O Globo, 28/09/2006, O País, p. 10
Lula pediu e conseguiu direito de resposta sobre coluna e entrevista
BRASÍLIA e SÃO PAULO. O direito de resposta obtido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra meios de comunicação causou estranheza e indignação nos atigidos. O colunista Clóvis Rossi, da "Folha de S.Paulo" considerou a decisão "exagerada". O jornalista Heródoto Barbeiro, da rádio CBN, se disse "surpreso". Os veículos vão recorrer da decisão.
- O artigo é uma opinião, não uma notícia. - Esse tipo de jogo esperava de Paulo Maluf ou Fernando Collor, não de políticos com tradição democrática, caso de Lula - disse Rossi.
No artigo "Como se faz uma quadrilha", publicado dia 22, ele diz que o PT se transformou numa quadrilha, referindo-se aos escândalos envolvendo petistas. Uma frase considerada ofensiva por Lula é: "Foi uma cultura que geriu a 'quadrilha', antigamente chamada de Partido dos Trabalhadores".
- É uma conclusão profundamente desnecessária e ofensiva e constitui injúria - entendeu o ministro Gerardo Grossi.
Rossi explicou que o termo "quadrilha" refere-se à acusação do procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, que concluiu que o mensalão era operado por uma "sofisticada organização criminosa" comandada pelo PT. O jornal ingressaria com recurso ontem.
- Todo jornalista é livre para exercer sua profissão. Defendemos é o direito de resposta. A liberdade de imprensa não impede que quem se sentir ofendido peça direito de reposta - disse o ministro Carlos Ayres Britto.
Outro pedido de resposta do PT, contra coluna de Rossi de 21 de setembro, ainda está pendente de julgamento pelo TSE.
Alckmin: comparação de Lula a ladrão de carros na rádio
No caso da CBN, declarações de Alckmin na série de entrevistas com candidatos foram consideradas ofensivas a Lula pelos ministros do TSE. Segundo o ministro relator Ari Pargendler, Alckmin relaciona Lula a desvios de dinheiro público e impunidade. Num dos trechos, o tucano diz que "ladrão de carro rouba e diz que não precisa" e sabe que não será pego; noutro, classifica o governo Lula como uma sofisticada organização criminosa.
- Foi um excesso que tem que ser coibido. O TSE tem que zelar para que a campanha mantenha níveis de respeito - disse Pargendler.
Barbeiro se disse indignado:
- Demos espaço igual a todos os candidatos. No dia seguinte Lula foi entrevistado. Ele poderia ter utilizado o espaço.
O TSE determinou que a CBN dê quatro minutos para que Lula responda. A diretora executiva de Jornalismo da CBN, Mariza Tavares, informou que a rádio recorreu ontem.
* da CBN, especial para O GLOBO** enviado especial a São Paulo