Título: DÓLAR E RISCO-BRASIL CAEM POR 'COMMODITIES' E EUA
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 28/09/2006, Economia, p. 31

Recuperação de preços de matérias-primas traz alívio

A recuperação nas cotações das commodities e dados da economia americana que indicam que o ritmo de desaquecimento pode ser mais lento que o esperado levaram o mercado brasileiro a um dia de correção nos preços dos ativos. O dólar caiu 0,27% e encerrou os negócios cotado a R$2,187 para venda, apesar de um novo leilão de compra de moeda americana pelo Banco Central, a R$2,183. O risco-Brasil recuou 0,83%, para 240 pontos centesimais, e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 0,80%.

Os investidores reagiram à forte alta do petróleo, após a brusca volatilidade das commodities na segunda-feira. Ontem, o preço do barril de petróleo subiu 3,2%, aproximando-se da casa dos US$63. Com isso, a ação da Petrobras avançou 2,99% - foi o papel mais negociado do dia, respondendo por pouco mais de 17% das operações.

Merrill Lynch recomenda Petrobras e Vale do Rio Doce

Apesar das fortes oscilações dos últimos dias, o banco de investimento americano Merrill Lynch recomendou ontem a compra das ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce, devido a uma expectativa ainda positiva para os preços das commodities.

A instituição projeta que o preço do barril de petróleo pode chegar a US$68 no fim de 2006 e a US$65 em 2007. Para o minério de ferro, estima estabilidade nas cotações. A demanda pelas matérias-primas seria sustentada pelo crescimento mundial ainda elevado, apesar da desaceleração da economia americana. Para o Merrill Lynch, o Brasil não deve ter problemas com um crescimento menor dos EUA.

Como no caso da Petrobras, outras ações de empresas ligadas a commodities acompanharam a alta das matérias-primas no mercado internacional. Por exemplo, o açúcar não refinado com entrega em março do ano que vem subiu ontem 0,5% em Nova York, e, nos últimos dois dias, a alta acumulada chega a 2,7%.

Os papéis da Vale do Rio Doce subiram 2,99%; os da Cosan (do setor de açúcar e álcool), 8,84%; e os da Companhia Siderúrgica Nacional, 0,97%, o que impulsionou os ganhos da Bolsa.

No cenário externo, os investidores passaram a manhã atentos às encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos, que caíram 0,5% em agosto (US$209,7 milhões), abaixo da expectativa dos analistas, de 0,7%. Também foram divulgadas as vendas de imóveis residenciais novos, que subiram 4,1% no mês passado. Os investidores esperavam uma queda de 3,4%.