Título: Freud e Hamilton prestam depoimento à PF hoje em SP
Autor: Tatiana Farah/Plinio Teodoro
Fonte: O Globo, 29/09/2006, O País, p. 9

Delegado quer desvendar papel de ex-assessor de Lula no caso

SÃO PAULO. Os petistas Freud Godoy, ex-assessor particular do presidente Lula, e Hamilton Lacerda, ex-coordenador de comunicação da campanha de Aloizio Mercadante em São Paulo, prestarão depoimento hoje de manhã ao delegado Diógenes Curado, responsável pelas investigações sobre a compra do dossiê contra os tucanos, e ao procurador da República Mário Lúcio Avelar. Hamilton já foi identificado pelas imagens do circuito interno do Hotel Ibis, em São Paulo, como o petista que levou o dinheiro para a compra do dossiê. A PF tem informações de que mais uma pessoa - ainda não identificada - foi à noite ao hotel.

Empresário paulista é suspeito de ser o André

O envolvimento de Freud no episódio será desvendado hoje, no interrogatório. Freud foi citado por Gedimar Passos, o petista preso com os dólares, como o contato do PT na compra do dossiê. A PF quer saber qual a participação dele da operação para conseguir o dinheiro.

- Hamilton Lacerda será ouvido para tentarmos descobrir a origem do dinheiro e as pessoas envolvidas no caso - disse Avelar ontem, ao desembarcar em São Paulo.

A PF também investiga o único nome ainda a ser desvendado no esquema da suposta compra do dossiê contra os tucanos: André. O principal suspeito é um empresário de São Paulo, ligado indiretamente ao PT, com boas relações com dirigentes do partido. Outra linha de investigação insiste num André do governo federal.

A polícia espera hoje, com o depoimento de Lacerda, chegar ao nome do verdadeiro André, financiador de parte do dinheiro da compra do dossiê. A investigação segue em sigilo, assim como as operações em casas de câmbio e doleiros.

Só anteontem, nove dias depois da apreensão dos R$1,15 milhão com os compradores petistas, o Ministério Público Federal acionou o Banco Central para saber a origem do dinheiro. O lote de reais, mais US$248,8 mil, num total de R$1,7 milhão, estavam com Gedimar Passos e Valdebran Padilha, no dia 15, no Hotel Ibis, quando os dois foram presos como compradores do dossiê. O procurador Avelar avalia, entretanto, que será difícil localizar a origem do dinheiro:

- Em relação aos dólares, eu suponho que seja mais fácil. O real depende de diligências do Banco Central - disse ele.

Para a PF, também é difícil rastrear os dólares, já que o BC protocola a chegada do dinheiro estrangeiro, mas não tem condições de rastrear para onde esses dólares são distribuídos.

Os US$248,8 mil do dossiê chegaram em um lote de US$15 milhões recentemente ao Banco Sofisa, em São Paulo, numa operação considerada regular pelo banco. Desse dinheiro apreendido pela PF, cerca de US$110 mil chegaram em notas seriadas. Essa informação ajudou a descobrir a entrada do dinheiro.