Título: PARTIDO ESTÁ INDECISO SOBRE QUE OPOSIÇÃO FARÁ
Autor: Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 01/10/2006, O País, p. 9

Cardeais tucanos vacilam entre confronto aberto ou proposta de concertação e diálogo

FORTALEZA e BELO HORIZONTE. Um dos principais dilemas que o PSDB vai enfrentar após as eleições, caso o presidente Lula vença a disputa, é de como será o comportamento do partido em mais quatro anos como oposição. Os cardeais tucanos começam a questionar internamente se a legenda deve partir para um confronto ou discutir uma proposta de concertação e diálogo, sugerida pelo Palácio do Planalto.

O debate deixou os bastidores do ninho tucano e ganhou publicidade com a carta do ex-presidente Fernando Henrique, divulgada em setembro, cobrando do PSDB uma postura mais contundente do PSDB como oposição ao governo Lula.

Carta provocou crise na campanha

A carta acabou motivando não só uma crise na campanha do candidato do PSDB à Presidência da República, mas colocou no holofote a crise vivida pelo próprio PSDB. Mais uma vez, o governador de Minas, Aécio Neves, e o ex-prefeito de São Paulo, José Serra, devem ficar de lados opostos. Enquanto o primeiro deve assumir um discurso mais moderado, de diálogo com o governo, Serra deve verbalizar um discurso mais radical de oposição.

Mas, independentemente dessa disputa, pelo menos um consenso começa a ganhar força no PSDB: o partido deve retomar suas origens de um partido mais da esquerda do que um perfil de centro.

¿ O PSDB deve caminhar da posição de centro, em que se encontra hoje, para a esquerda. Esse será o novo perfil do PSDB. A população nos empurra para a esquerda, que está na origem da fundação do PSDB ¿ aposta o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), coordenador da campanha de Alckmin.

Mas o PSDB também deve enfrentar outros dilemas. O partido deve lutar para manter a hegemonia da oposição. O PFL, aliado deste ano, pode se afastar dos tucanos em busca de um projeto próprio de poder. Aí os tucanos teriam que buscar novo parceiro.