Título: RESULTADO DEVE SAIR ANTES DA MEIA-NOITE DE HOJE
Autor: Carolina Brígido e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 01/10/2006, O País, p. 15

São 125 milhões de brasileiros aptos a votar e eleição marca os dez anos da urna eletrônica no país

BRASÍLIA. Mais de 125 milhões de eleitores estão convocados a escolher seus representantes hoje no Brasil. A data é também comemorativa dos dez anos da adoção da urna eletrônica. Hoje, a partir das 19h, a apuração, também realizada por meio eletrônico, começará a ser informada pelo sistema de divulgação do TSE, voto a voto, aos veículos de comunicação. A previsão é de que antes da meia-noite os brasileiros já saibam o resultado da votação ¿ onde for definitivo ou onde haverá segundo turno.

Em 1996, o equipamento foi posto à prova ainda em caráter de teste em 77.469 sessões eleitorais de 57 municípios brasileiros. Hoje, estará presente nas 380.945 sessões. Há ainda 50 mil urnas reservas.

Ao longo da última década, o brasileiro aprendeu a utilizar com agilidade a urna eletrônica. Quando ainda era novidade, a Justiça Eleitoral estimava em mais de um minuto o tempo médio que o eleitor passava em frente ao equipamento. Agora, calcula-se que serão, em média, apenas 40 segundos para cada brasileiro escolher cinco candidatos. Serão eleitos deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores e o presidente da República.

Há uma década, os partidos políticos e os eleitores ainda levantavam dúvidas quanto ao funcionamento e à segurança da nova urna. Foi até cogitada a impressão do voto, para o eleitor ter certeza de que o candidato escolhido era o mesmo registrado no aparelho. Hoje, as suspeitas desapareceram. A credibilidade levou o Brasil a exportar tecnologia eleitoral para quatro países da América Latina.

Votação fictícia para novo teste

Enquanto os eleitores estiverem votando, o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e representantes de partidos políticos estarão realizando uma votação fictícia, sem validade para fins eleitorais, para testar mais uma vez o equipamento. Serão sorteadas de uma a três urnas por estado, e os convidados votarão em seus candidatos primeiro em cédulas de papel, depois em urnas eletrônicas. Depois, eles irão comparar os resultados para atestar se a urna é mesmo confiável. Esse mecanismo ocorre em todos os anos de eleição e nunca foi detectado nenhum problema nas urnas sorteadas.

Outra preocupação da Justiça Eleitoral é a segurança de quem vai votar. Até sexta-feira à noite, o TSE havia autorizado o envio de militares a pelo menos 141 municípios, localizados em nove estados. Só no Pará, são 60 municípios com a presença dos militares. Em Alagoas, eles estarão em 20 cidades. As tropas federais reforçarão a segurança durante a votação para evitar brigas e a prática da boca-de-urna ¿ que a partir deste ano passa a ser considerada crime. O envio das tropas custará, pelo menos, R$2 milhões.

Segundo dados do TSE, as eleições custarão R$600 milhões aos cofres públicos, no caso de haver segundo turno na eleição para presidente e governadores. Os gastos incluem despesas com pessoal, publicidade institucional, material, transporte de urnas, envio de tropas e equipamento para apuração dos votos. As eleições gerais de 2002 custaram R$480 milhões e as municipais de 2004, R$534 milhões.

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