Título: EMBARGO PODE SER AMPLIADO OU PRORROGADO
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 01/10/2006, Economia, p. 45
Após missão em SP, inspetores europeus preparam relatório
BRUXELAS. Os europeus devem voltar ao ataque e podem impor novas barreiras às exportações de carne bovina brasileiras nas próximas semanas. Tudo vai depender do relatório a ser preparado pela missão de inspetores europeus que acaba de voltar de São Paulo, onde esteve durante toda a semana para avaliar os rumores de que haveria casos de febre aftosa no estado.
Dependendo do que concluírem os inspetores, a União Européia (UE) pode prorrogar o embargo de carnes originárias de São Paulo ou até estender a atual suspensão para outros estados. Atualmente estão sob embargo São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná.
¿ Estamos tomando a precaução de mandar uma equipe. Não vamos hesitar em adotar novas medidas se as inspeções confirmarem os casos ¿ disse Philip Tod, porta-voz do comissário de Saúde e Proteção aos Consumidores.
Um dos aspectos que mais preocupa os europeus é a questão da rastreabilidade dos animais. A UE não quis especular que medidas poderá adotar, mas o leque inclui, por exemplo, a prorrogação do período de embargo a que submeteu as carnes originárias de São Paulo.
Último relatório da UE não tinha grandes alterações
Inicialmente, estimava-se que este mês o estado pudesse voltar a vender o produto para os europeus, um ano depois de encontrados os focos que levaram à suspensão. De acordo com fontes do governo brasileiro, normalmente esse tipo de embargo costuma durar cerca de um ano (seguindo o período da vacinação do gado), o que leva a crer que os embargos sobre o Mato Grosso do Sul e o Paraná só poderiam ser suspensos a partir do primeiro trimestre de 2007.
Segundo um integrante do governo brasileiro, não há qualquer sinal por parte dos europeus de um retorno imediato das importações de carnes brasileiras de qualquer um dos três estados. Há uma semana, a UE enviou ao governo o relatório da última missão feita no Brasil, sem grandes alterações no quadro.
¿ Aparentemente, o cenário é o mesmo. Mas é preciso esperar o relatório que será feito após essa nova missão ¿ disse este integrante do governo.
A missão enviada pela UE ao Brasil foi decidida às pressas depois de rumores, que teriam sido desmentidos oficialmente aos europeus, de que haveria focos de aftosa em São Paulo.
O problema é que o governo brasileiro já acredita que a reação da UE pode estar sendo provocada muito mais pela pressão de produtores europeus do que propriamente pela preocupação com novos casos de contaminação em uma área que já está sob embargo.