Título: Berzoini fracassa ao tentar censura das fotos
Autor: Cristiane Jungblut/Carolina Brígido/Luiza Damé
Fonte: O Globo, 30/09/2006, O País, p. 12

Presidente do PT recorreu ao TSE para proibir divulgação de imagens na imprensa, mas pedido foi rejeitado

BRASÍLIA. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, recorreu ontem mesmo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar impedir a imprensa de publicar as fotos. O pedido foi rejeitado pelo ministro José Delgado, do TSE. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, irritado, acusou o PSDB de ter patrocinado, em parceria com setores da Polícia Federal, a divulgação de fotos do dinheiro apreendido pela Polícia Federal com integrantes do PT durante tentativa de compra de um dossiê contra o tucano José Serra. Para Tarso, a divulgação das fotos era ilegal.

- Isso é uma repetição da camiseta no seqüestro do Abílio Diniz. Uma tentativa desesperada de criar um fato novo, inclusive de maneira ilegal. Certamente decorreu de algum tipo de articulação de alguém do PSDB com alguém da PF. Isso é uma postura antidemocrática tentando desestabilizar o processo eleitoral, mas o povo brasileiro já tem experiência, e não iria se enganar novamente.

Tarso: divulgação das fotos foi uma iniciativa das elites

Segundo Tarso, a divulgação das fotos foi uma iniciativa das elites:

- É a mesma tentativa que as elites fazem para tentar virar o jogo na última hora. Quem fez isso naquela época certamente está fazendo agora também - disse Tarso, acrescentando, em outro momento, que nesse período eleitoral há uma série de ações para "recompor o mesmo projeto e as mesmas pessoas do governo Fernando Henrique Cardoso".

Tarso comparou o vazamento das fotos à divulgação, em 2002, de imagens de R$1,3 milhão apreendido na sede da Lunus, empresa do marido de Roseana Sarney, candidata à Presidência da República pelo PFL, e ao seqüestro do empresário Abílio Diniz, dono da rede Pão de Açúcar, em dezembro 1989. O empresário foi libertado no dia do segundo turno, e os seqüestradores presos usavam camisetas do PT. Tarso citou espontaneamente o caso Abílio Diniz, mas nomeou o caso Lunus depois de ser perguntado pela imprensa a respeito.

- É uma tentativa evidente de reproduzir fatos já tentados em outras eleições, como a camiseta do PT. E pode parecer com o caso Lunus: apareceram aqueles recursos, que não só foram devolvidos à candidata, como também foi demonstrado que foi um procedimento totalmente ilegal e uma armação na qual estavam envolvidos os mesmos personagens. Uma atitude típica de desespero, ilegal e que terá uma boa resposta nas urnas - disse Tarso.

O ministro reafirmou que, apesar de dirigentes da campanha de Lula e o ex-assessor da Presidência da República Freud Godoy terem sido citados entre os que teriam negociado a compra do dossiê, o episódio não tem nenhum impacto na reeleição do presidente.

- Esse caso nada tem a ver com o presidente Lula, com sua candidatura, e é um fato circunscrito a São Paulo - disse o ministro, chegando a se irritar com perguntas a respeito do impacto do escândalo na campanha do petista Aloizio Mercadante, candidato ao governo de São Paulo.

Pedido de liminar foi feito ao corregedor do TSE

O ministro José Delgado, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), negou o pedido feito pelo presidente do PT para impedir a divulgação das fotos. Berzoini não falou sobre a derrota no TSE. O ex-coordenador nacional da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva argumentou que o dinheiro integra agora investigações que tramitam sob segredo de justiça.

Ao negar a liminar, Delgado alegou que apenas a parte das investigações que estão no TSE corre sob sigilo. Como o dinheiro está em posse da Polícia Federal, não haveria nenhum empecilho para se divulgar as imagens. O pedido de liminar foi feito ao corregedor-geral do tribunal, ministro César Asfor Rocha. Como ele estava ausente, a ação foi julgada por Delgado.

Isso é uma repetição da camiseta no seqüestro do Abílio Diniz. Uma tentativa desesperada de criar um fato novo, inclusive de maneira ilegal. Certamente decorreu de algum tipo de articulação de alguém do PSDB com alguém da PF. Isso é uma postura antidemocrática tentando desestabilizar o processo eleitoral, mas o povo brasileiro já tem experiência, e não iria se enganar novamente

Esse caso nada tem a ver com o presidente Lula, com sua candidatura, e é um fato circunscrito a São Paulo

Uma atitude típica de desespero, ilegal e que terá uma boa resposta nas urnas

TARSO GENRO