Título: PAÍS TEM CONDIÇÕES DE AUMENTAR TAXA DE CRESCIMENTO, DIZ PRESIDENTE DO BC
Autor: Lino Rodrigues
Fonte: O Globo, 30/09/2006, Economia, p. 40

Para Henrique Meirelles, economia brasileira já dá sinais de recuperação

SÃO PAULO e SEPETIBA. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse ontem acreditar que o país reúne as condições necessárias para crescer, já que eliminou grande parte das restrições que impediam taxas de expansão da economia mais robustas. Na última quinta-feira, o BC anunciou que reviu, de 4% para 3,5%, a estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto das riquezas produzidas no país) para 2006.

Nas palavras do presidente do BC, o Brasil hoje tem um balanço de pagamentos sólido, uma dívida interna corrigida pela taxa de câmbio eliminada, um bom volume de reservas internacionais e uma inflação dentro da meta.

- Temos condições hoje de aumentar nossas taxas de crescimento. Já estamos crescendo a uma taxa que é o dobro da que prevaleceu em um passado recente - disse ele, referindo-se ao período do governo FHC.

Ele disse ainda que a queda do PIB no segundo trimestre foi pontual e que o país já mostraria sinais de recuperação.

- A perda do segundo trimestre não é uma tendência, mas significa uma perda não recuperável; foram perdas de produção que não são necessariamente compensadas em trimestres posteriores.

Meirelles disse ainda que é normal os órgãos do governo divergirem em suas previsões para o crescimento do PIB. Ele citou, além do BC e da Fazenda, o Ministério do Planejamento e o Ipea, órgão subordinado ao Planejamento, que têm as suas projeções para o PIB e não são, necessariamente, coincidentes. Meirelles admitiu não ter conversado com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, antes ou depois do corte, apesar de ter um diálogo "constante, produtivo, profícuo e extremamente cooperativo" com o ministro. Mantega teria se surpreendido com a revisão.

- Todos os órgãos fazem seus trabalhos de projeção independentes, como em qualquer país organizado. É normal que diversas organizações, sejam do governo, sejam do setor privado, tenham estimativas diferentes - argumentou Meirelles.

Furlan: "Eu vejo mais o comércio exterior"

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, evitou comentar ontem, durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da usina siderúrgica ThyssenKrupp CSA, em Sepetiba, as projeções para o PIB apresentadas por diversos setores do governo. Ele também preferiu não comentar as projeções feitas pelo ministro Guido Mantega, de expansão do PIB de 4% este ano:

- Ele (Mantega) tem os números dele. Eu vejo mais o comércio exterior.

COLABOROU Erica Ribeiro