Título: VAMOS AO 2º TURNO COM CHANCE DE GANHAR¿
Autor: Chico Leite, Flávio Freire e Maia Menezes
Fonte: O Globo, 02/10/2006, O País, p. 8
Alckmin espera até o último voto para comemorar e só após 23h ligou para Serra para combinar ida à festa tucana em SP
SÃO PAULO. O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, relutou em comemorar o suado passaporte para o segundo turno das eleições presidenciais. Passou a tarde e parte da noite de ontem em casa, no Morumbi, ao lado da família. Só reconheceu que poderia passar para o segundo turno às 23h30m, quando ligou para o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), combinando a ida à festa tucana, preparada para a vitória na eleição estadual. E só uma hora depois fez seu primeiro pronunciamento, na porta de seu apartamento:
¿ Quero agradecer a todos os brasileiros e brasileiras, todos que me apoiaram, torceram por mim. Vamos para o segundo turno com grande chance de ganhar a eleição. Vamos suar a camisa para sermos dignos do povo brasileiro.
Perguntado sobre como fará a campanha do segundo turno, disse:
¿ A nossa campanha no segundo turno vai tratar do Brasil que quer ter um governo ético, um governo honesto e eficiente, para melhorar os serviços públicos, fazer o país crescer. O Brasil tem que andar rápido. Temos vocação para ser o primeiro da América Latina e não o último.
Depois, Alckmin foi para o Espaço São Paulo, no bairro de Pinheiros, na Zona Oeste, onde os tucanos comemoravam.
Tasso quer aliança nacional contra a corrupção
Em Fortaleza, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, disse que Alckmin estava eufórico com o resultado da eleição presidencial e que hoje cedo já estará trabalhando em busca de apoio para o segundo turno. Tasso informou que vai procurar o pedetista Cristovam Buarque e a senadora Heloísa Helena, do PSOL, em busca do que chamou de aliança nacional contra a corrupção.
¿ Acho que o Brasil despertou. A corrupção não é normal. Essa podridão não é normal. O Brasil despertou, vamos ter um segundo turno mais competitivo. O desafio é fazer com que esse despertar se torne maior, que essa indignação do brasileiro seja maior e que este alerta vire uma indignação nacional. Vamos tentar buscar uma aliança com o PDT e todas as forças nacionais, uma grande aliança contra a corrupção. Vou conversar inclusive com Heloísa Helena.
Tucanos e pefelistas, já de olho em uma aliança mais coesa no segundo turno, admitiram, ontem à noite que, num primeiro momento, faltou união em torno de Alckmin. Para eles, é hora de mobilizar os partidos. O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), em mais uma declaração polêmica, usou o resultado para criticar o que chamou de abandono de aliados a Alckmin, no começo da campanha. Ele fez uma autocrítica.
¿ A ida do Geraldo para o segundo turno foi mérito só dele. Foi uma vergonha o abandono do Geraldo no começo da campanha. E eu me incluo entre os que não deram o devido apoio a ele ¿ afirmou Lembo.
O presidente do PSDB em São Paulo, Sidney Beraldo, defendeu mobilização de massa:
¿ Agora que Aécio e Serra estão eleitos vão trabalhar com mais liberdade e tempo.
Ainda antes de o resultado ser proclamado, o ex-ministro José Gregori dizia que a perspectiva de ir para o segundo turno tinha gosto de vitória. Ele fez um apelo ao PSDB:
¿ Lula estava com salto de dois metros. Houve momentos em que a campanha não estava animada, mas agora, confirmada a ida ao segundo turno, é uma resposta ao próprio partido. É preciso que o partido esteja a altura do Geraldo, que se mostrou um obstinado. Vamos entrar no segundo turno de cabeça alta e o PT de cabeça baixa.
Alberto Goldman, eleito vice-governador ao lado de Serra, negou que o PSDB tenha abandonado Alckmin:
¿ A superação de índices em estados onde o Geraldo não estava tão bem cotado e conseguiu bons índices foi por causa de apoios regionais.
Coordenador da campanha de Alckmin em São Paulo, José Aníbal, eleito deputado federal, esperou o resultado em seu comitê e antes de ir para a festa tucana. Apesar de admitir que o escândalo do dossiê influenciou no resultado, ele afirmou que o que determinou ao crescimento de Alckmin foi o fato de ele ter se tornado conhecido no país.
¿ Além disso, o governo é incompetente e inepto ¿ afirmou José Anibal.