Título: TUCANA SURPREENDE NO RS E DISPUTA COM PETISTA
Autor: Chico Oliveira
Fonte: O Globo, 02/10/2006, O País, p. 18

Resultado surpreende e governador Germano Rigotto, que pesquisas apontavam como favorito, sai derrotado

PORTO ALEGRE. A candidata do PSDB ao governo do Rio Grande do Sul, deputada federal Yeda Crusius, foi a primeira colocada nas eleições de ontem e disputará o segundo turno contra o ex-governador e ex-ministro Olívio Dutra (PT), numa virada surpreendente. Até sábado, as pesquisas eleitorais apontavam o governador Germano Rigotto como favorito. A disputa entre Olívio e Rigotto pelo segundo lugar foi muito apertada e terminou com uma estreita margem a favor do petista. Com 99,77% dos votos apurados, Yeda Crusius liderava com 32,9%. Olívio tinha 27,37% e Rigotto, 27,17%.

¿ As pesquisas são um retrato atrasado. Ouvia as vozes das ruas e são elas que ouvimos nas urnas. Os eleitores entendem que somos o novo. Com essa vitória, inicia-se um ciclo novo ¿ comemorou Yeda, pouco após as 21h, quando já estava decidida sua vitória. Olívio e Rigotto não comentaram o resultado.

PMDB não decide quem apoiar no segundo turno

Foi a primeira eleição em que o PSDB teve um candidato ao governo do estado. Desta vez, ao lado do PFL, que indicou o vice-governador, e do PPS, que indicou o candidato ao senado, o partido liderou a coligação ¿Rio Grande Afirmativo¿, de onze partidos, conseguindo o maior tempo no rádio e na televisão.

A campanha do segundo turno, segundo Yeda, manterá a mesma linha do primeiro:

¿ Vamos buscar o eleitor onde ele estiver.

Ela disse que, logo depois das eleições, procuraria os demais partidos em busca de apoio. Segundo a candidata, isso será facilitado pelo fato de ela nunca ter criticado governantes.

¿ Só dissemos que o Rio Grande do Sul não enfrentava seus desafios históricos.

Os resultados da eleição surpreenderam todos os partidos, a começar pelo próprio PSDB. No comando da campanha de Rigotto, o coordenador Luiz Carlos Leivas Mello atribuiu os resultados a um voto útil de militantes de vários partidos para impedir que Olívio Dutra passasse para o segundo turno.

¿ Mas foi uma dose em demasia, e acabaram impedindo que o governador Rigotto é que não alcançasse o segundo turno ¿ avaliou Leivas Mello, quando faltava apurar menos de 1% dos votos e Olívio Dutra se mantinha à frente de Rigotto, com pouco mais de 11 mil votos.

A crise econômica do estado, resultante das secas dos últimos anos e do impacto da sobrevalorização do dólar em segmentos industriais importantes, como o moveleiro, calçadista e de máquinas e implementos agrícolas, esteve no centro de todos os debates da campanha eleitoral e resultou em pesadas críticas contra Rigotto.

¿ Houve uma marcação cerrada contra o governador. Também houve muita promessa. Chegaram (Yeda) a prometer irrigar todo o Rio Grande do Sul ¿ justificou o coordenador da campanha do governador.

Diante da surpresa dos resultados, também não há ainda uma definição do comportamento do PMDB no segundo turno. Mas fontes próximas ao governador Germano Rigotto consideram como muito provável que o partido mantenha a neutralidade no segundo turno, como já fez no primeiro turno em relação às eleições presidenciais. Com isso, haverá correntes que certamente apoiarão Olívio Dutra, e outras que poderão apoiar Yeda Crusius.