Título: Alckmin: presidente deixou passar sua chance
Autor: Maiá Menezes e Flávio Freire
Fonte: O Globo, 03/10/2006, O País, p. 5

Tucano falou com pedetista e diz que vai procurar senadora do PSOL; Tasso tenta negociar aliança com PMDB

SÃO PAULO. O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, começou oficialmente ontem a caça aos votos de adversários no primeiro turno. Em busca do eleitorado do senador Cristovam Buarque, candidato derrotado do PDT à Presidência com 2,64% dos votos válidos, o tucano telefonou ontem para o pedetista. Em entrevista coletiva, informou ainda que vai ligar para a senadora Heloísa Helena, do PSOL, que ficou em terceiro lugar, com 6,85% do eleitorado.

Segundo o tucano, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, procurou o presidente do PMDB, Michel Temer, para costurar uma possível aliança rumo ao segundo turno das eleições. E cometeu um ato falho:

- Nossa prioridade é continuar essa curva, para chegarmos ao segundo turno.

Abaixo, trechos da entrevista, concedida em seu comitê no Itaim Bibi, na Zona Oeste de São Paulo.

GRATIDÃO: Nossa palavra é de agradecimento pelo grande entusiasmo. Senti o crescimento da confiança na nossa candidatura e tenho certeza de que agora no segundo turno essa confiança vai crescer ainda mais. (A campanha) é a partir de já. É pé na estrada e fé na estrada.

DEBATE: Participei de todos os debates no primeiro turno. Debate é respeito ao eleitor. Ajuda a formar juízo de valor. Como candidato ao governo do Estado, participei quando estava atrás e quando estava em primeiro lugar. Eu fui no outro debate. Estaremos lá (no da TV Bandeirantes, marcado para o dia 8).

ALIADOS: Falei agora há pouco com o senador Cristovam Buarque e brinquei com ele ao telefone: quero falar com o senador Cristovam Buarque Educação. Vamos procurar as alianças em torno de um programa de governo. Vou ligar para a Heloísa Helena. O Cristovam tinha ligado ontem e eu liguei de volta. O presidente nacional do meu partido, o do PFL e o do PPS já estão conversando com os presidentes dos demais partidos.

PMDB: O Tasso Jereissati já entrou em contato com o presidente do PMDB, um partido importante. Tive o apoio do governador Luiz Henrique em Santa Catarina, aliás foi a segunda maior votação proporcional no país. A primeira foi em Roraima. Tive o apoio do ex-governador Jarbas Vasconcelos. Do ex-governador Joaquim Roriz, do governador eleito do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, todos eles do PMDB. Todos são importantes. O Brasil, não com mágica, mas com trabalho, consciência e ética, pode ir bem melhor.

DOSSIÊ: Não é que deva ou não continuar (a usar o dossiê como arma de campanha). A sociedade está esperando respostas. De quem é o dinheiro, quem é o dono das contas, de quem é o dólar, como entrou no país? Não sou eu, não. É o povo brasileiro que quer as respostas, que não foram dadas até agora.

AÉCIO E SERRA: É claro (que eles vão viajar mais pelo país, na campanha tucana). Eles até viajaram. Já tinham se disposto no primeiro turno. Como tinham que fazer a campanha, ficaram viajando por seus estados. São lideranças importantes. Existe um provérbio popular que na política é muito importante: "Diga-me com quem andas e dir-te-ei quem és". É importante saber quem é o time, porque ninguém governa sozinho. O Serra, o Aécio, homens públicos testados, são importantíssimos.

REELEIÇÃO: No quadro atual, sem limites, eu sou contrário. Nós assistimos aí a um abuso, medidas de vésperas de eleição. Eu sempre disse: essas coisas não funcionam. A 90 dias da eleição, gastar 1% do PIB. Não é adequado.

MINAS GERAIS: Não fui derrotado em Minas. Obtive votação consagradora. Foram mais de 40% dos votos. Venci em onze estados. Agora zera tudo. Ultrapassamos a barreira dura da descrença e estamos lá, no segundo turno, onde o que pesa muito é a rejeição. A minha é a menor. Então, é possibilidade ganharmos. O Aécio já me ligou trazendo boas notícias de apoio para o segundo turno.

CAUTELA: Quando o Lula e o PT diziam que já tinham ganho, eu dizia: vou com a sandália da humildade. Não vou mudar. Olhar nos olhos das pessoas e falar a verdade. É a verdade que é a grande companheira dos que querem fazer vida pública.

LULA: O presidente Lula teve a sua chance. O povo deu a ele a sua chance, o presidente deixou passar. O Brasil podia ter crescido mais, podia ter tido um governo melhor. Sob o ponto de vista ético, poderia ter dado um exemplo para o Brasil. Infelizmente, não foi isso que nós vimos.

Debate é respeito ao eleitor. Ajuda a formar juízo de valor

Não fui derrotado em Minas. Obtive votação consagradora

A sociedade está esperando respostas

GERALDO ALCKMIN