Título: PT FAZ MUDANÇAS NA CAMPANHA EM SÃO PAULO
Autor: Raquel Miura
Fonte: O Globo, 03/10/2006, O País, p. 9

Marta Suplicy deve assumir coordenação no lugar do presidente do diretório Paulo Frateschi

SÃO PAULO. Derrotado por uma diferença de 18 pontos percentuais pelo tucano Geraldo Alckmin no maior colégio eleitoral do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve trocar a coordenação da campanha em São Paulo. Sai o presidente do diretório estadual do PT, Paulo Frateschi, e entra a ex-prefeita Marta Suplicy.

Os petistas apontam três motivos para a mudança: o fraco desempenho em São Paulo determinou a realização do segundo turno; o PT paulista está no centro do escândalo da compra do dossiê contra tucanos e Marta saiu muito fortalecida da eleição, elegendo todos seus candidatos a deputado.

Mudanças também devem ser feitas em outros estados

Segundo integrantes da coordenação de campanha de Lula, mudanças devem ser feitas em outros estados nos quais o presidente teve desempenho abaixo das expectativas.

A participação mais acentuada da ex-prefeita na campanha de Lula durante o segundo turno é confirmada por petistas ligados à direção do partido em São Paulo.

O próprio Frateschi confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que é favorável a mudanças tanto nos nomes quanto na forma da campanha em São Paulo.

Os petistas, que pediram para não ser identificados, criticaram a coordenação da campanha de Lula no estado, tocada, segundo eles, por burocratas e políticos que não representam todos os matizes do partido em São Paulo.

No primeiro turno de 2002, sob a coordenação de Marta, Lula teve 46% dos votos no Estado contra 28,5% do então candidato tucano José Serra. Domingo, Lula ficou com 36% em São Paulo e Alckmin com 54%.

Marta é considerada uma "liderança de massas" e tem uma boa presença na TV. Além disso, foi uma militante aplicada, que não mediu esforços para ajudar Aloizio Mercadante, em São Paulo, e Jaques Wagner, na Bahia. Aceitou bem a derrota interna para Mercadante nas prévias e "vestiu a camisa" do partido.

Com o escândalo do dossiê, além de Mercadante, Frateschi, também saiu chamuscado. Indicado por Ricardo Berzoini (destituído do comando da campanha por envolvimento na compra do dossiê), ele deverá continuar atuando nos bastidores da campanha. Os petistas concordam que o dossiê foi o principal responsável pela realização do segundo turno.

- A história do dossiê é a questão central - observa o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT- SP).

-Se causou profunda irritação em nós do PT, imagina em quem não é do partido.