Título: Lula insistirá na proposta de governo de coalizão
Autor: Raquel Miura
Fonte: O Globo, 03/10/2006, O País, p. 9

Marco Aurélio Garcia diz que presidente quer aliança estratégica contra o a volta do 'governo da privataria'

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai intensificar o discurso em defesa de um governo de coalizão para atrair aliados, criar palanques nos estados e garantir a vitória no segundo turno. O coordenador da campanha de reeleição do presidente, Marco Aurélio Garcia, afirmou ontem que a estratégia é propor uma aliança duradoura, que se construa agora na disputa contra Geraldo Alckmin (PSDB) e se transforme em participação no governo em um eventual novo mandato, para "evitar o retrocesso" que o tucano representaria.

- O que vamos precisar melhorar, primeiramente, é a mobilização, depois a articulação. Nós queremos fazer uma campanha que seja mais expressiva no ponto de vista da coalizão de forças. Uma coalizão ampla que está apoiando o presidente agora e que não só está preocupada em reeleger o presidente Lula, mas será chamada a governar junto com ele - afirmou Marco Aurélio Garcia.

Ele participou na noite de ontem de uma reunião, no Palácio da Alvorada, do conselho político da campanha, comandada pelo presidente e com a presença de ministros e aliados. Para que Lula ganhe as eleições, o objetivo é mobilizar o maior número de aliados, principalmente aqueles que conseguiram vitórias nas urnas no domingo, e lideranças regionais.

Segundo Marco Aurélio Garcia, a avaliação do Planalto é que Lula teve um bom desempenho nas urnas - inclusive com votação superior à obtida na primeira etapa de 2002 - e que, por isso, tem ampla chance de vencer no segundo turno. Ele afirmou ainda que as conversas com aliados já começaram. Mas o coordenador da campanha petista negou que cargos do governo já estejam em negociação.

Petista procurou Cristovam

Ontem pela manhã, segundo Marco Aurélio, Lula falou com o senador Sérgio Cabral, candidato a governador do Estado do Rio pelo PMDB. O presidente também já procurou o senador Cristovam Buarque, candidato derrotado a presidente, e os governadores eleitos Jaques Wagner (PT-BA) e Marcelo Déda (PT-SE).

Além de eleger Lula, Marco Aurélio disse que o objetivo da ampla coalizão "é evitar o retrocesso". Perguntado se o retrocesso seria a vitória de Alckmin, ele partiu para o ataque:

- Evidentemente. Em todas as áreas, econômica, social, política e de política externa. É questão de ouvir o discurso de Alckmin. Nós não vamos permitir, sobretudo, a volta do governo da privataria - afirmou Marco Aurélio, em uma referência ao ciclo de privatizações promovido pelo governo Fernando Henrique Cardoso.

Participaram ainda da reunião os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais), Walfrido Mares Guia (Turismo), Ciro Gomes, deputado mais votado do Ceará, Cid Gomes, governador eleito do Ceará, o senador reeleito José Sarney, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e a ex-prefeita Marta Suplicy.

Marco Aurélio afirmou ainda que o governo vai continuar adotando medidas na área econômica, mas que não vai antecipar decisões para evitar acusações de uso eleitoral. Ele negou que o governo esteja preparando um novo pacote:

- As medidas tomadas são as que estão sendo tomadas todos os dias. São medidas que ajudam o desempenho da economia e, se fossem apressadas, diriam que seriam medidas eleitoreiras.

(*) Especial O GLOBO

COLABOROU Luiza Damé