Título: DEFESA DE LULA: DOSSIÊ AJUDOU ALCKMIN
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 03/10/2006, O País, p. 20B

Tucano teria faturado com o episódio no noticiário e crescido nas pesquisas

BRASÍLIA. Na defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a acusação do PSDB e do PFL de que ele teria tentado obter vantagem eleitoral às custas da compra de um dossiê contra políticos tucanos, os advogados do PT sustentaram que o verdadeiro beneficiado foi o tucano Geraldo Alckmin. Segundo a defesa, o tucano teria faturado com o episódio no noticiário e, com isso, crescido nas pesquisas de intenção de voto. Os advogados de Lula pedem que o tucano seja o alvo da investigação.

"Os fatos, se examinados de forma isenta e desapaixonada, não são contra o candidato representado (Lula), vez que não apresentam nenhum indício de participação do representado ou de benefício à sua candidatura. O candidato representante (Alckmin) é quem foi o verdadeiro beneficiário com os fatos", escreveram os advogados.

A defesa foi apresentada na noite de domingo ao tribunal e será incluída na investigação aberta a pedido da oposição. A representação acusa a campanha de Lula de abuso do poder econômico, pois teria feito uso de dinheiro não contabilizado para tentar comprar o dossiê. Também acusa os petistas de abuso do poder político, pois o ministro da Justiça teria proibido a Polícia Federal de divulgar as fotos do dinheiro supostamente utilizado na negociação.

Os advogados do PT argumentaram que a ação não poderia ter sido proposta por Alckmin, e sim pelo candidato tucano ao governo paulista, José Serra, que seria o alvo do dossiê. Também alegaram que a campanha de Lula não poderia ter interesse na compra do documento, já que ele liderava as pesquisas antes de a negociação ter sido desmascarada: "É fato público e notório que o ora representado se encontrava no momento dos fatos em situação extremamente privilegiada nas pesquisas de intenção de voto", escreveram os advogados.

Tucanos não apresentaram provas, diz defesa

A defesa ainda argumentou que a corregedoria do TSE não seria o órgão mais indicado para realizar a investigação porque, de acordo com a legislação, a só poderia apurar fatos com indícios objetivos de que um determinado candidato teria se beneficiado indevidamente de alguma situação para obter vantagem nas urnas. "Os indícios apresentados pela representante - mesmo caso se confirmassem ser verdadeiros e abusivos - não beneficiariam o candidato representado".

Um outro impedimento para que a investigação fosse adiante seria o fato de que os tucanos teriam baseado a representação em matérias jornalísticas, sem apresentar provas para sustentar as acusações.

Outros apontados pelos tucanos de participação no esquema, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o presidente do PT, Ricardo Berzoini, também apresentaram suas defesas ao tribunal. Valdebran Padilha, Gedimar Passos e Freud Godoy, todos ligados à campanha petista, também estão sendo investigados pela Justiça Eleitoral, mas ainda não se defenderam das acusações.