Título: PERÍCIA SERÁ REALIZADA NO IML DE BRASÍLIA
Autor: Martha Beck/Jaílton de Carvalho/Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 03/10/2006, O País, p. 25

Órgão fará banco de dados para facilitar identificação de vítimas

Os corpos das vítimas do acidente da Gol que estão sendo localizados pelas equipes de resgate serão congelados em caminhões frigoríficos, em Mato Grosso. Como a viagem até Brasília demora poucas horas, não há risco de descongelarem. No desembarque no Distrito Federal, haverá outro caminhão frigorífico esperando no aeroporto.

O Instituto Médico-Legal de Brasília começou ontem mesmo a recolher informações sobre as vítimas com os parentes que estão em Brasília. A idéia, para ajudar na identificação dos corpos, é montar uma base de dados, como marcas de nascença, roupas usadas no dia do acidente, documentos que do passageiro e raio-X da arcada dentária. Além de preencher questionários, os parentes terão amostras de sangue e saliva recolhidas para ganhar tempo, caso haja necessidade de exames de DNA.

Em condições ideais, o reconhecimento dos cadáveres é feito visualmente por parentes. Quando isso não é possível, o próximo passo é verificar as impressões digitais e detalhes da arcada dentária, o que pode demorar uma semana. Através dos ossos, é possível estimar a idade do morto. Em último caso, são feitos exames de DNA.

Exames a partir de sangue, músculos ou ossos

Diretora do Instituto de Pesquisa de DNA do DF, Cláudia Mendes disse que os exames serão realizados a partir de sangue, músculos ou ossos das vítimas, dependendo do estado de conservação dos corpos. O clima quente e úmido da floresta amazônica, porém, acelera a decomposição.

- Os corpos que vão chegar estão em avançado estado de decomposição e fragmentados. Vai ser difícil: pode demorar dias, semanas, meses - disse José Flávio, diretor do IML de Brasília.

O órgão atuou na identificação de vítimas do incêndio de um supermercado no Paraguai, em 2004. Segundo José Flávio, cerca de 80 corpos só foram identificados graças a exames de DNA. De acordo com ele, o último teste foi concluído no mês passado - ou seja, dois anos depois do incêndio. Laboratórios das polícias civis de outros estados poderão ser mobilizados para acelerar o trabalho.

*Enviado especial