Título: TOMA-LÁ-DÁ-CÁ COMIGO, NÃO¿, AFIRMA DENISE, SOBRE CRIVELLA APOIAR CABRAL
Autor: Rodrigo March, Valeria Maniero e Paula Autran
Fonte: O Globo, 04/10/2006, O País, p. 4

Candidata acusa peemedebista de negociar a Secretaria de Educação

A candidata do PPS ao governo do estado, Denise Frossard, rompeu o silêncio após a aproximação do senador Marcelo Crivella (PRB) com seu adversário no segundo turno, Sérgio Cabral (PMDB). Em entrevista à rádio CBN, ontem de manhã, Frossard negou que tenha sido traída por Crivella, e disse que recebeu uma informação de que o bispo negociou seu apoio a Cabral em troca da Secretaria de Educação de um eventual governo peemedebista.

¿ Ele (Crivella) pode até ter conversado com o Rodrigo (Maia, presidente regional do PFL). Comigo não houve qualquer acordo. Dispenso até. Agora pela manhã me chegou a informação de que ele seria o secretário de Educação. Este tipo de acordo não faço. Vou examinar os currículos. Não é porque tem a porta da (Igreja) Universal aberta para espalhar panfletos que vai se sentar na Secretaria de Educação. Toma-lá-da-cá comigo, não.

No domingo à noite, o deputado Rodrigo Maia esteve na casa de Frossard, na Fonte da Saudade, e confirmou que havia um acordo com Crivella de que quem não passasse para o segundo turno apoiaria o outro candidato. Ela, porém, afirmou que não houve traição.

¿ A maior prova de que não houve esse acordo é o próprio apoio do bispo a Cabral. Não precisa dizer que ele está traindo ¿ sustentou.

¿Já liguei para o Biscaia¿

Logo no início da entrevista, a candidata afirmou que não acredita que apoios transfiram votos no segundo turno, mas depois admitiu que tentou uma aliança com o PT.

¿ Já liguei para o (deputado Antônio Carlos) Biscaia. E falei ontem (segunda-feira) com o Vladimir (Palmeira). Mas ele tem o apoio dele ao presidente (Lula) ¿ afirmou Frossard, que ontem recebeu em casa o presidente nacional do PDT e ex-candidato do partido ao governo, Carlos Lupi, para costurar um apoio no segundo turno.

A candidata acredita que ficará isolada politicamente:

¿ Acredito que virá o modelo tradicional de todos contra uma, mas apoio não se transfere. O eleitor começa a ver a tentativa de se unir a classe política antiga. Essa união em torno de cargos está se desenhando, e isso não queremos. Não vou lotear a máquina pública. O apoio tem que vir porque serão escolhidos os melhores.

Frossard criticou ainda a lentidão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio para autorizar o reinício da campanha no estado. A expectativa do TRE é de que a campanha recomece no dia 11, ou seja, 48 horas após a homologação do resultado do primeiro turno.

¿ O TRE está estendendo o prazo, para começar no dia 11, mas não entendo o porquê disso ¿ reclamou a deputada, que no primeiro turno também criticou o TRE por julgar a maioria dos recursos eleitorais favoravelmente a Cabral.

Procurado pelo GLOBO, o presidente do Tribunal, Roberto Wider afirmou que o TRE segue rigorosamente o que determina a lei e pôs à disposição da candidata, que é ex-juíza, a resolução 22.249 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que aborda os prazos que devem ser seguidos:

¿ Terminadas a eleição e a contagem de votos, não posso mandar os candidatos recomeçarem a campanha. Não funciona assim. As pessoas precisam entender que existe uma lei a ser cumprida. Após a apuração dos votos, o TRE tem de dar um prazo para quem não estiver satisfeito com o resultado ou tiver qualquer dúvida. Depois, há outro período para esclarecer essas dúvidas. O prazo final para a proclamação dos resultados é dia 14, e eu espero proclamá-lo dia 9. Já o prazo final para o início da campanha no segundo turno é dia 16, e eu espero que ela comece dia 11. Onde está o atraso? ¿ perguntou Wider.

Lupi encontra-se com hoje com Sérgio Cabral

O presidente do TRE destacou que possivelmente a candidata esteja se baseando nos prazos estimados pelo TSE, que trata dos candidatos a presidente, ¿ que são poucos, enquanto no TRE são milhares¿. O TSE já homologou o resultado da eleição para presidente da República.

Depois de encontrar-se ontem com Denise Frossard, Lupi estará hoje de manhã na casa do peemedebista Sérgio Cabral, no Leblon, também para conversar sobre uma possível aliança. Segundo Lupi, as conversas com os dois são preliminares, pois somente na segunda ou na terça-feira da semana que vem o PDT vai decidir que candidato apoiará.

¿ Estamos conversando sobre algumas questões importantes, como se eles se comprometem com a implementação imediata do Programa Especial de Educação, do professor Darcy Ribeiro, que estabelece o ensino integral nos brizolões; e com uma política de segurança pública que priorize uma visão mais social ¿ explicou Lupi, que até o fim da semana vai se reunir com o diretório regional e a executiva nacional do PDT para discutir as propostas.

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