Título: TUCANO PRIORIZA RIO, AMAZONAS E NORDESTE
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 04/10/2006, O País, p. 10

Aliados são convocados a trabalhar por Alckmin. No Rio, FH e Aécio tentam obter o apoio de Dornelles

BRASÍLIA. A coordenação de campanha do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, estabeleceu uma estratégia agressiva para virar votos no segundo turno. Na noite de segunda-feira, numa longa reunião no comitê em Brasília, o comando da campanha definiu três grandes prioridades: o Rio de Janeiro, o Nordeste e o Amazonas. A decisão foi de partir para uma ofensiva nesses locais e ampliar a vantagem no Sul, no Centro-Oeste e em São Paulo.

¿ O vidro de Lula quebrou. Acabou o encanto. Temos que saber explorar isso ¿ resumiu o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), coordenador da campanha.

O retrato mais simbólico dessa estratégia veio com o Rio de Janeiro. O apoio do ex-governador Anthony Garotinho foi definido como uma forma de ampliar o eleitorado na Baixada Fluminense e no Norte do estado. Mesmo com a reação de setores do PSDB e do PFL no Rio, a constatação é de que Garotinho é fundamental para diminuir a diferença. A cúpula do PSDB está decidida a sufocar qualquer ato de rebeldia do partido no Rio, inclusive do deputado Eduardo Paes (PSDB), que disputou o governo do estado.

Para evitar atritos com o prefeito Cesar Maia (PFL) e com a candidata ao governo, Denise Frossard (PPS), foram escalados os presidentes do PFL, Jorge Bornhausen (SC), e do PPS, Roberto Freire (PE).

O PSDB conta ainda ter o apoio do senador eleito Francisco Dornelles (PP). Aliado de Sérgio Cabral (PMDB), Dornelles mandou recado para Alckmin dizendo que terá de se manter neutro por lealdade a Cabral, que subirá no palanque de Lula. Mas dois graduados tucanos foram encarregados de mudar essa posição: o governador Aécio Neves (MG) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

No Nordeste, a avaliação é de que será preciso diminuir a diferença de dez milhões para seis milhões de votos. Em Pernambuco, a intenção é enquadrar a campanha do governador Mendonça Filho (PFL), que no primeiro turno não colou a sua imagem na de Alckmin. Ontem, Guerra foi para lá tentar reverter a situação. Na Bahia, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) vai ser o coordenador local, pressionando seus mais de 300 prefeitos aliados. A avaliação é de que depois da derrota, o senador vai mostrar mais empenho contra Lula.

Há expectativa de mudança também na Paraíba, onde o governador Cássio Cunha Lima (PSDB) foi tímido no primeiro turno; e no Rio Grande do Norte, onde o senador Garibaldi Alves (PMDB) não fez campanha para Alckmin. O Maranhão continua a ser o maior problema: Roseana Sarney (PFL) deve receber um ultimato de seu partido.

No Amazonas, onde Lula teve a maior votação, com 1 milhão de votos de vantagem, o senador Arthur Virgílio, derrotado na disputa pelo governo do estado, será convocado a trabalhar.