Título: MANTEGA: REELEITO, LULA NÃO MEXERÁ NA PREVIDÊNCIA
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 04/10/2006, O País, p. 11

Ministro da Fazenda diz que nova reforma, condenada por PSOL e PDT, não está nos planos e foco será a tributária

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega ¿ que participa de reuniões do conselho político da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ¿ não deixará o cargo para entrar no corpo-a-corpo do segundo turno, mas está engajado na campanha. Ontem, cobrando do PSDB a divulgação de seu programa econômico, afirmou que, se Lula vencer, o governo não fará nova reforma da Previdência ¿ que mexeria com a aposentadoria de trabalhadores de classe média e idosos. O PSOL e o PDT, cujos votos o PT quer herdar no segundo turno, são contrários à reforma.

Mantega também cobrou que Alckmin explicite seu plano econômico. Ele ainda perguntou se o tucano manterá os programas sociais implementados ou ampliados por Lula, como o Bolsa Família:

¿ Vi só idéias esparsas. Ora, vejo que vai ter ajuste (das contas públicas) mais rígido. Aí me pergunto: vai cortar o quê? Os programas sociais?

O programa de campanha de Lula já afirma que não haverá reforma previdenciária. Mas a equipe de governo nunca destacou o tema nem descartou de vez a possibilidade. O próprio presidente nunca se manifestou categoricamente sobre a reforma, tida como fundamental por especialistas devido ao déficit de quase R$40 bilhões nas contas do INSS. Mas, segundo o ministro, a decisão de não fazer nova mexida na Previdência foi tomada por Lula ¿faz tempo¿:

¿ Estamos confortáveis com os gastos do governo e com as metas de superávit ¿ disse, acrescentando que a prioridade do novo mandato será a reforma tributária.

Às críticas sobre a expansão acelerada das despesas fixas do governo, acima do ritmo de crescimento das receitas, ele respondeu que proporá nos próximos meses um redutor de gastos obrigatórios do governo, além de um programa de redução da carga tributária, articulado ao projeto de reforma, voltado sobretudo para os encargos estaduais, como o ICMS.

Para Mantega, com o novo Congresso e governadores já eleitos, essas mudanças podem sair com mais facilidade. O PT já elegeu quatro governadores. Partidos da base do governo federal, o PSB elegeu dois e o PMDB, quatro. O PT fez 83 deputados e o PMDB, 89.

¿ Os principais partidos oposicionistas, PFL e PSDB, perderam espaço na Câmara.No Senado, ficou a mesma coisa (sem maioria do governo).

Ele minimizou a boa recepção do mercado ao segundo turno.

¿ Talvez o mercado goste mais de Alckmin e a população goste mais de Lula.

A assessoria de imprensa do ministro afirmou que Mantega não convocou entrevista coletiva, só comunicou aos jornalistas que cobrem o ministério que iria ao Planalto e lá responderia a perguntas. O esclarecimento foi uma reação aos rumores de que o PSDB o estaria acusando de usar a máquina pública para fazer campanha de Lula.