Título: MENSALEIROS VOLTAM, MAS COM VOTAÇÃO MENOR
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 04/10/2006, O País, p. 14

Os 11 deputados envolvidos no escândalo tiveram cada um, em média, 87 mil votos contra 131 mil obtidos em 2002

BRASÍLIA. Dos 11 deputados mensaleiros que concorreram a um novo mandato, sete conseguiram retornar à Câmara no último domingo. No entanto, os 11 parlamentares amargaram uma redução de um terço em seu eleitorado, na comparação com a eleição de 2002. Eles receberam desta vez 957.721 votos, contra 1.441.144 votos em 2002, uma diferença de 483.423 votos.

Da conta está excluído José Genoino, deputado eleito pelo PT de São Paulo. Isso porque Genoino, apesar de ter sido citado como participante do esquema do mensalão, como presidente do PT, não foi candidato a deputado nas eleições de 2002, tendo concorrido ao governo paulista. Porém, enquanto em 1998 ele foi um dos recordistas de votação, no último domingo só garantiu o retorno à Câmara de raspão, sendo o último da lista petista.

Os mensaleiros, pelo levantamento realizado pelo GLOBO, tiveram há quatro anos média de 131.013 votos cada um. Este ano, garantiram o retorno, após serem absolvidos ou renunciarem para escapar do processo de cassação, com 87.065 votos, em média, 43.948 menos do que em 2002. João Paulo (PT), ex-presidente da Câmara, foi o mensaleiro mais bem posicionado: 177 mil votos, o mais bem votado do PT em São Paulo.

Professor Luizinho teve maior queda

O deputado Professor Luizinho (PT-SP) foi o que teve a queda mais significativa em seu eleitorado e não foi reeleito. Em 2002, ele obtivera o apoio de 142.812 eleitores, que não passaram de 59.176 no domingo passado. Em seguida, apareceu João Magno (PT-MG), que, passou de 99.976 votos para apenas 31.956, sendo também barrado nas urnas.

Os sete dos 11 deputados que conseguiram se reeleger, além de João Paulo, foram Valdemar Costa Neto (PL-SP), Vadão Gomes (PP-SP), José Mentor (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT), Paulo Rocha (PT-PA) e Sandro Mabel (PL-GO). Os quatro que não se reelegeram foram: Professor Luizinho (PT-SP), João Magno (PT-MG), Josias Gomes (PT-BA) e Romeu Queiroz (PTB-MG).

Sanguessugas punidos nas urnas

Mas se a maioria dos mensaleiros conseguiu se eleger, mesmo com votação menor, os eleitores não perdoaram os parlamentares envolvidos no escândalo dos sanguessugas. Dos 64 deputados e senadores que respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal e foram candidatos, 56 (92,1%) foram derrotados nas urnas. Dos oito que conseguiram se eleger, cinco vão começar o novo mandato já respondendo a processos de cassação.

No Rio, os dez candidatos envolvidos no escândalo foram derrotados nas urnas e, de quebra, perderam o foro privilegiado para responder a prováveis processos judiciais.

Em Rondônia, o deputado Nilton Capixaba (PTB) chegou a liderar a disputa pelo Senado nas pesquisas, mas decidiu tentar a reeleição quando o escândalo estourou e perdeu. Em Minas Gerais, três dos quatro envolvidos com o escândalo foram derrotados: Cabo Júlio (PMDB), José Militão (PTB) e Isaías Silvestre (PSB). João Magalhães (PMDB) foi eleito.

Em Mato Grosso, dois dos quatro candidatos envolvidos conseguiram se reeleger: Pedro Henry (PP) e Wellington Fagundes (PL). Dois foram derrotados: Ricarte de Freitas (PTB) e Celcita Pinheiro (PFL).