Título: WAGNER COBRA `OXIGENAÇÃO¿ DO PT
Autor: Heliana Frazao
Fonte: O Globo, 04/10/2006, O País, p. 15

Governador eleitor da Bahia quer tirar o poder dos paulistas no partido

BRASÍLIA. Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, reforçou ontem o time dos que querem mudanças no PT, para tirar poder dos paulistas e abrir espaço para petistas de outros estados. Ao deixar o Palácio do Planalto, Wagner defendeu uma oxigenação do partido, que reflita a nova composição de forças que saíram das urnas, após a eleição de três governadores petistas no Nordeste e um no Norte.

Na mesma linha, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse ontem que o PT deve sofrer uma ¿reciclagem interna e mudar de patamar¿.

¿ Não tenho dúvida de que devemos ter um processo de oxigenação e de abertura maior do PT para a nova realidade federativa que o partido vivencia. Temos três governadores eleitos pelo PT no Nordeste. Isso vai ter que pesar no momento em que o PT rearrumar suas forças internamente ¿ afirmou Wagner, depois da reunião que teve com o presidente Lula.

Para Tarso é necessária a refundação do partido

Tarso, que é gaúcho e foi derrotado ano passado na disputa pela presidência do PT por Ricardo Berzoini, tem dito que é preciso haver uma refundação do partido. Tarso assumiu a presidência do partido após a saída de José Genoino e desistiu de disputar a eleição interna por discordar da influência que o ex-ministro José Dirceu continuava exercendo no PT. Foi substituído por Berzoini, que venceu a eleição.

¿ O PT vai passar por uma profunda renovação no próximo período. Com a mesma coragem que o presidente Lula tomou medidas duríssimas contra a corrupção sistêmica no país, certamente o PT vai fazer uma reciclagem política interna, na sua direção, para se colocar num novo patamar, para uma nova civilidade democrática que está se construindo no país ¿ disse ele.

Wagner defendeu ainda uma investigação interna no PT sobre a tentativa de compra de um dossiê contra os tucanos e a punição dos envolvidos, inclusive com expulsão do partido ou o afastamento dos cargos de direção partidária, dependendo da gravidade da irregularidade.

Para Jaques Wagner, houve armação de adversários no episódio ¿ o que ele chamou de Operação Tabajara 2. No entanto, o governador eleito da Bahia não afastou a responsabilidade dos petistas que se envolveram na tentativa de compra do dossiê.

¿ Não vou fazer julgamento público, não tenho nem elementos, mas temos de passar tudo transparentemente a limpo. Não quero saber se era amigo, homem de confiança ou não. Quem não tiver um padrão de conduta cai fora ¿ disse o governador eleito.

¿Só um bobo para achar que aquilo não era armação¿

Para Wagner, o processo de depuração do PT só deve ocorrer depois do segundo turno, pois no momento a prioridade do partido é a reeleição de Lula. Ele afirmou que, em novembro, quando o PT fizer uma avaliação do processo eleitoral, terá de analisar também a tentativa de compra do dossiê.

¿ Foi a Operação Tabajara 2, nunca vi coisa tão medíocre. Só um bobo que acredita em Papai Noel para achar que aquilo não era uma armação. Acho que armar não tira a culpa de quem caiu na armação, porque, na verdade, se dispuseram a se relacionar com um marginal para comprar dossiê. Essa prática é abominável, e essas pessoas terão que pagar pelo crime e pelo prejuízo à imagem do partido.