Título: PSOL FICARÁ NEUTRO NO SEGUNDO TURNO
Autor: Heliana Frazao
Fonte: O Globo, 04/10/2006, O País, p. 15

Heloísa diz que integrantes do partido estão proibidos de declarar voto

BRASÍLIA O PSOL confirmou ontem que não apoiará candidato à Presidência no segundo turno. A senadora Heloísa Helena (AL), que obteve seis milhões de votos no primeiro turno e ficou em terceiro lugar na disputa, disse que é preferível votar nulo ou em branco a eleger ¿o banditismo político¿. Afirmou, porém, que seus eleitores são livres para escolher qualquer candidato.

Segundo Heloísa, seria incoerente à história dos membros do PSOL declarar apoio tanto a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como a Geraldo Alckmin (PSDB).

¿ As duas candidaturas apresentam o mesmo projeto neoliberal. E nós não vamos rasgar 12 anos de militância política em dois dias. Eu passei oito anos aqui, como senadora, batendo de manhã, de tarde e de noite no governo Fernando Henrique. Passei quatro anos denunciando as gangues partidárias do governo Lula. Como é que agora, em dois dias, nós vamos dizer que iremos apoiar alguém? Não pode ¿ disse a senadora, em discurso no Senado.

A senadora pediu aos representantes de PT e PSDB que não a procurem e disse que os parlamentares do PSOL estão proibidos de dar qualquer declaração sobre posições pessoais em relação aos dois candidatos:

¿ Eu não vou quebrar o septo nasal, nem esbofetear ninguém. Mas peço que não me procurem e não procurem ninguém do PSOL. Publicamente, ninguém do partido vai poder dizer a quem vai apoiar.

Num discurso em que agradeceu aos eleitores e se emocionou diversas vezes, Heloísa disse que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ¿fazendo jogo sorrateiro por trás¿, ligou para o candidato derrotado do PSOL ao governador de São Paulo, Plínio de Arruda Sampaio, pedindo apoio para Lula.

PDT ainda vai decidir o que fazer

Já o PDT, do candidato Cristovam Buarque, decidirá apoio a Alckmin ou a Lula até a semana que vem. O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, procurou o partido. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati e o próprio Alckmin também ligaram para o presidente do PDT, Carlos Lupi (RJ).

Segundo líderes, a tendência hoje é de que o PDT declare apoio ao candidato tucano. A executiva se reúne amanhã no Rio para decidir as exigências para o apoio. O senador Jefferson Peres, vice na chapa de Cristovam, disse que há resistências a Alckmin, mas acredita que o PDT deverá apoiar o tucano.

¿ Para mim, votar em Lula exige que ele se comprometa a dar uma guinada de 180 graus na sua conduta ética ¿ exemplificou Peres.

(*) Da CBN, especial para O GLOBO