Título: NO BRASIL, `COMMODITIES¿ AFETAM BOLSA
Autor:
Fonte: O Globo, 04/10/2006, Economia, p. 34

Ações de exportadoras caem até 4,70%. Dólar sobe 0,69%, para R$2,174

Um dia após lucrarem alto com especulações sobre as eleições presidenciais, os investidores aproveitaram a queda nos preços das commodities no mercado internacional para embolsar o dinheiro ganho no Brasil. Enquanto, nos Estados Unidos, as bolsas avançaram e o índice Dow Jones atingiu recorde histórico (valorização de 0,49%), a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu 1,67%, puxada pela forte queda das ações de empresas exportadoras de commodities. Já o dólar subiu 0,69%.

Os papéis da Petrobras recuaram 4,70% e os da Vale do Rio Doce, 3,87%. As ações das duas empresas correspondem a quase 30% do Ibovespa, índice que reúne os papéis mais negociados na Bolsa. Votorantim Celulose e Papel, CSN e Gerdau acompanharam o movimento: caíram 3,89%, 2,54% e 2,48%, respectivamente.

Índice de `commodities¿ tem menor nível em um ano

O índice CRB, que reúne uma cesta de 19 commodities negociadas no mercado futuro (como café, petróleo, prata, cobre, níquel, ouro e algodão) e é usado como referência para este mercado, caiu 2,06% ontem, para 295.13 pontos. É o menor nível desde 20 de maio do ano passado. O índice despencou 19,21% de maio para cá.

Com a expectativa de um preço mais baixo para as matérias-primas, os investidores venderam suas ações. E os estrangeiros trocaram os reais obtidos na operação por dólares, o que acabou pressionando as cotações. Assim, a moeda americana encerrou os negócios em alta de 0,69%, cotada a R$2,174 para venda. Já o risco-Brasil, indicador da confiança de investidores estrangeiros no país, subiu 1,29%, para 234 pontos centesimais.

Nos Estados Unidos, a queda das commodities levou otimismo aos analistas, cuja avaliação é de que o petróleo em queda, por exemplo, gerará gastos menores com energia. Os recursos economizados poderiam ser direcionados para o consumo, reduzindo o ritmo de desaceleração da maior economia do mundo.

¿ Há uma grande expectativa em torno da divulgação, amanhã (hoje), dos estoques de petróleo e derivados nos EUA. Investidores especulam ainda que os Estados Unidos não comprariam mais petróleo para engordar suas reservas estratégicas. Com estoques internacionais mais altos, a tendência seria de queda nas cotações do petróleo. Tanto nos EUA como no Brasil, o petróleo ajudará a definir os rumos do mercado ¿ explica Carlos Carvalho Junior, sócio da Saga Investimentos.

Apesar das preocupações com a cotação do petróleo, investidores continuaram apostando ontem numa eventual vitória do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, na disputa pela Presidência. As ações de estatais subiram em meio a rumores de que a mudança de governo abriria espaço para uma nova onda de privatizações, a exemplo do que ocorreu na década de 90. Com isso, as ações da Cesp, da Eletrobrás e do Banco do Brasil avançaram 2,48%, 0,49% e 0,40%, respectivamente, na contramão da queda da Bolsa.