Título: PREOCUPAÇÃO PARA AGÊNCIAS DE RISCO
Autor:
Fonte: O Globo, 04/10/2006, Economia, p. 34

Fitch e S&P temem falta de apoio do novo governo para aprovar reformas

O desgaste do presidente Lula com os recentes escândalos políticos e a ausência de maioria dos partidos dos dois candidatos à Presidência na Câmara dos Deputados preocupam as agências de classificação de risco internacionais. Os analistas temem que o novo governo ¿ seja ele tucano ou petista ¿ enfrente sérias dificuldades para aprovar as reformas estruturais que serão vitais para o crescimento sustentado do país. A palavra-chave é governabilidade. Sem maioria absoluta nas bancadas, o futuro presidente terá que enfrentar muita negociação na Câmara.

¿ O Senado está fragmentado e o Brasil tem um problema crônico de crescimento. Precisamos de reformas e isso só será feito com apoio dos demais partidos. Resta saber se o presidente eleito terá habilidade política para costurar uma coalizão ¿ afirma Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch Ratings.

Essa também é a preocupação de Lisa Schineller, analista da Standard & Poor¿s em Nova York. Em relatório, ela avalia que uma coalizão é fundamental para que o novo governo seja bem-sucedido. Para Schineller, o desafio do país é contornar as dificuldades políticas e fazer as reformas necessárias para entrar num ciclo de forte crescimento sustentável.

Segundo Guedes, a Fitch vê o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, como mais comprometido com eventuais reformas:

¿ Alckmin parece ser mais audacioso. Temos um histórico de quase quatro anos do governo Lula em que as poucas reformas feitas foram bastante modestas. Não há dúvida de que a economia avançou muito no governo do PT, mas há 25 anos não víamos um ciclo tão benigno no cenário global. O Brasil pegou carona, mas deixou a desejar, cresceu menos que o esperado.

O diretor da Fitch é taxativo: sem reformas, o Brasil não alcançará o tão esperado grau de investimento (recomendação para investidores estrangeiros):

¿ É sonho de uma noite de verão achar que o país chegará lá sem reformas como a do sistema tributário e da previdência. Isso é o mínimo. (P.E.)