Título: RETIRO O MEU APOIO E VOU CUIDAR DA MINHA VIDA¿, DIZ ELA
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Fonte: O Globo, 05/10/2006, O País, p. 3

Candidata afirma que tucano não gosta do Rio e usa livro de Covas para criticá-lo

Após as duras críticas que o prefeito Cesar Maia (PFL) fez ao apoio recebido pelo candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), a candidata de Cesar ao governo do estado, Denise Frossard (PPS), resolveu radicalizar. Retirou seu apoio ao tucano no estado e disse que vai votar nulo para a Presidência no segundo turno.

Frossard, que passou o primeiro turno tentando associar a imagem de Garotinho à de seu adversário do PMDB, Sérgio Cabral, disse que Geraldo Alckmin não gosta do Rio:

¿ O Alckmin, definitivamente, não gosta do Rio. Retiro o meu apoio a ele e vou cuidar da minha vida ¿ afirmou.

Candidata mostra livro de Mário Covas

Com o livro ¿Mário Covas: A ação conforme a pregação¿ debaixo do braço, Frossard afirmou que o ex-governador de São Paulo, de quem Alckmin herdou o governo daquele estado, deve estar se ¿removendo¿ no túmulo com o apoio recebido pelo tucano.

¿ O livro conta que Covas criticou o ex-presidente Fernando Henrique por ter recebido o apoio de Paulo Maluf em São Paulo no primeiro turno (em 1998). Covas disse que não subiria no palanque de Fernando Henrique com Maluf. Ele deve estar se removendo no túmulo diante do que viu ontem (segunda-feira). Vou anular o meu voto ¿ disse Frossard na porta de casa, na Lagoa, antes de viajar para a Região Serrana.

A candidata visitou os municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Na região, ela se recusou a comentar novamente a retirada do apoio a Alckmin. O tucano derrotou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesses três municípios e a estratégia de Cesar Maia era desenvolver um agenda integrada na região.

¿ Não vou permitir que penhorem o nosso estado. A velhacaria, não. Precisamos unir os que gostam do Rio ¿ disse Frossard para lojistas de Petrópolis, sem citar Alckmin em momento algum.

Na saída, ela falou ao telefone com a candidata do PSOL derrotada à Presidência, Heloísa Helena. A candidata do PPS desconversou ao ser perguntada se faria campanha com Heloísa Helena no Rio. As duas são amigas.

¿ A Frô anda de baby-doll no meu coração. Ela estava doando sangue. Adoro ela. Adoro ela ¿ desconversou a candidata, que também chama a amiga de ¿Helô¿.

Por e-mail, o prefeito Cesar Maia disse que, ¿no primeiro turno, o cruzamento das intenções de voto entre as duas levaria ambas à vitória¿. Cesar, porém, afirmou que só Frossard poderia informar se faria campanha com a amiga. As duas combinaram de voltar a conversar.

Criticada pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire, por sua decisão, a candidata disse que desconhecia as críticas:

¿ Não foi isso o que ele falou comigo. Vocês ouviram errado.

A candidata disse que não estava em campanha ¿ ainda não autorizada pelo Tribunal Regional Eleitoral.

¿ Hoje, não cabe nada além do agradecimento aos eleitores porque a campanha não começou ¿ disse ela, que voltou a criticar o TRE por ainda não ter homologado o resultado da eleição no Rio.

Em Petrópolis, Frossard, que já provocou polêmica com deficientes por causa um parecer seu chamado de discriminatório por adversários, empurrou a cadeira de rodas de uma deficiente para os fotógrafos.

¿ Carrega ela, juíza ¿ pediu o deputado André Corrêa, do mesmo partido e ex-aliado de Garotinho.

A candidata teve ainda que explicar a um eleitor porque afirmou que já foi promotora.

¿ Eu me confundi. Fizeram um auê com isso. Não sabem que existe erro material, que é corrigível de ofício ¿ defendeu-se.

Ex-prefeito processado

No caminho para Teresópolis, a candidata parou rapidamente na pousada Capim Limão, em Itaipava, onde estiveram hospedadas as vítimas de febre maculosa em 2005. No município, a candidata discursou para um grupo de jovens de uma ONG. Ela falou de sua proposta para a educação e pediu apoio aos jovens:

¿ Vou criar uma bolsa para aqueles jovens que ajudam a família em casa poderem ficar na escola. Agora, peço a Teresópolis que me dê a condição de governar o Estado do Rio.

A agenda na região foi acompanhada de perto pelo deputado Leandro Sampaio (PPS), ex-prefeito de Petrópolis, processado na Justiça Federal por desvio de finalidade de recursos da educação.

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