Título: JARBAS: `NÃO QUERERIA JAMAIS APOIO DE GAROTINHO¿
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 05/10/2006, O País, p. 8

Pernambucano eleito senador diz que ex-governador só arranhará a campanha tucana

RECIFE. A crise instalada no PMDB do Rio, com o apoio declarado do ex-governador Anthony Garotinho e da governadora Rosinha à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), começou ontem a gerar um efeito-cascata, que pode render novos prejuízos à acomodação de forças que apóiam o tucano no segundo turno. Depois das críticas do candidato do PMDB à sucessão fluminense, Sérgio Cabral, e do prefeito Cesar Maia (PFL), ontem foi a vez de Jarbas Vasconcelos. Eleito com a maior votação já atribuída a um senador no estado, o peemedebista afirmou que Garotinho só arranhará a campanha tucana e que, se fosse Alckmin, dispensaria sua ajuda. Até porque, segundo Jarbas, o casal não acrescentará nada à campanha do PSDB do segundo turno.

¿ Se eu fosse candidato à Presidência da República e estivesse no lugar de Alckmin eu não queria esse apoio. Essa história de dizer que todo apoio é bem-vindo não é verdade. Respeito o que ele disse, todo voto é bem-vindo. Mas me dou ao direito de discordar desse conceito. Não quereria jamais o apoio de Garotinho ¿ disse Jarbas, que numa entrevista de quase uma hora a uma rádio local, referiu-se por diversas vezes a uma suposta banda podre do seu partido.

¿No partido, comportamento de Garotinho é inadequado¿

Mas ao ser perguntado se Garotinho integraria a banda podre do PMDB, o ex-governador de Pernambuco tentou uma saída diplomática:

¿ Garotinho tem inclusive comportamento inadequado dentro do partido. Fomos totalmente contra a candidatura dele. Naquela época chegaram até a dizer que estávamos a serviço de Lula, porque Garotinho poderia crescer e provocar o segundo turno. Já achava naquela época um desastre Garotinho ir para o segundo turno. Ele não tem prática política correta, usa os meios de comunicação e a Igreja para atingir seus objetivos políticos. E há denúncias sobre malversação de dinheiro público ¿ disse o senador eleito.

Jarbas Vasconcelos deu explicações sobre o que chamou de banda podre do PMDB:

¿ Não pretendo como senador eleito e chegando a Brasília fazer composição dentro do partido com pessoas em quem não confio. Estamos numa fase muito dura da vida brasileira, e temos que ter clareza para ver as coisas. Minha restrição com Garotinho é que ele não vai acrescentar nada.

Jarbas explicou o desconforto que a presença do ex-governador do Rio poderá trazer ao palanque do PSDB:

¿ Em política, tudo que se faz tem de explicar. Não é bom, porque Alckmin será cobrado como estou sendo agora.

Na entrevista, Jarbas foi questionado sobre suas críticas, já que recebeu em seu palanque para governador, em outras eleições, apoio de deputados tão polêmicos como Pedro Corrêa (PP-PE) e Severino Cavalcanti (PP-PE):

¿ Fizemos aliança com Severino em 1998. Ele disputou a eleição para a Câmara no lugar de Ricardo Fiuza (PP-PE), que não disputou a reeleição. Na época, Severino era completamente inexpressivo. O governo Lula e o desmantelo lá em Brasília é que deram projeção a ele. Quem pariu Severino não fomos nós, mas o chamado baixo clero com a ajuda do governo federal.