Título: A DIFÍCIL EQUAÇÃO DE VOTOS DOS TUCANOS NO RIO
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 05/10/2006, O País, p. 8

Garotinho, uma incógnita para Alckmin, e Cabral se separam sem brigas na segunda

Na matemática eleitoral, o apoio de Anthony Garotinho ao candidato Geraldo Alckmin (PSDB) será uma equação com resultado negativo ou positivo? A resposta só em 28 de outubro, após a abertura das urnas. É possível saber o que Alckmin tem a ganhar e perder. Mas não quanto. Os números do primeiro turno mostram que o tucano teve no estado 28,8% dos votos (2,4 milhões). Destes, 1 milhão foi na capital onde teve 30,1%. Na região onde Alckmin ganhou de Lula, a zona Sul da capital, é onde Garotinho tem a maior rejeição. Estes votos, portanto, podem ser perdidos. A imagem de Garotinho ¿ que neste ano teve sua pré-campanha envolvida no escândalo das Ongs ¿ pode enfraquecer o discurso de ética de Alckmin contra o presidente Lula (PT).

Mas Garotinho ainda tem muitos votos justamente onde Alckmin mais precisa: os municípios mais pobres da região metropolitana. Nesta áreas, onde o governo Rosinha Garotinho é bem avaliado, Alckmin teve em média 20% dos votos. O tucano leva ainda a Juventude do PMDB, coordenada pela filha do ex-governador Clarissa Matheus, que mobilizará 3 mil jovens em favor do tucano, além da máquina do estado e da rede de comunicação pelo rádio de Garotinho.

A questão dos apoio dos prefeitos é que, por enquanto, parece uma equação de resultado zero para o tucano. Garotinho prometeu levar consigo vários prefeitos do interior. Mas, ainda no primeiro turno, entre 30 e 40 deles já estavam com Alckmin que, por isso, venceu Lula em 22 cidades. Visando a próxima eleição, os prefeitos tendem a seguir o candidato a governador do PMDB Sérgio Cabral, que apóia Lula. E quem ficar com Alckmin é porque já tem o provável adversário de 2008 com o petista.

A pressão dos prefeitos foi um dos fatores que levou Cabral a decidir por Lula. Na reunião da segunda-feira, o grupo ligado a Garotinho pressionava para que o candidato peemedebista fosse para o palanque de Alckmin, mas Cabral já tendia a ficar com o presidente. Como não recebeu uma sinalização direta do tucano, Cabral preferiu o petista, que deu uma declaração pública de apoio a ele, depois de uma conversa telefônica. Ao saber do apoio de Lula, Garotinho ligou para Cabral e cobrou dele uma posição. O candidato se posicionou ao lado do presidente e o ex-governador então decidiu anunciar seu apoio a Alckmin.

¿ Foi cada uma para seu lado, sem briga. São dois bicudos que nunca se beijaram ¿ disse um participante da reunião.