Título: TASSO, BORNHAUSEN E FREIRE TENTAM CONTER CRISE
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 05/10/2006, O País, p. 8

Esforço de dirigentes é para convencer Cesar Maia e Frossard a não retirar apoio a Alckmin por causa de Garotinho

BRASÍLIA. Os presidentes do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do PPS, deputado Roberto Freire (PE), dividiram-se ontem em várias reuniões na tentativa de contornar a primeira crise da campanha do tucano Geraldo Alckmin neste segundo turno. O esforço era no sentido de reverter a decisão do prefeito Cesar Maia, que anunciou seu afastamento da campanha nacional do PSDB por causa do apoio recebido por Alckmin do ex-governador Anthony Garotinho e sua mulher, Rosinha Matheus.

Eles também tentam anular declaração da candidata do PPS ao governo do estado, deputada Denise Frossard, de que votará nulo para presidente e que não aceita estar do lado de Alckmin e Garotinho. Bornhausen reuniu ontem à tarde a executiva nacional do PFL, e o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), reiterou a intenção de seu pai de se afastar da campanha de Alckmin e criticou o PSDB.

O senador José Jorge (PFL-PE), vice de Alckmin, foi destacado para a pacificação no PFL do Rio. José Jorge se encontra hoje com Cesar com a missão de promover uma reaproximação entre ele e Alckmin. Rodrigo Maia avisou que a missão não será fácil:

¿ No Rio, o apoio do Garotinho tira votos de Alckmin. Ele e o PSDB foram usados para prejudicar a candidatura da Denise Frossard. O Alckmin segurou a alça do caixão do Garotinho, que está morto politicamente. Alguém parece o Mister Magoo, não enxerga nada. Não sei se é o Tasso ou Alckmin.

Irritação com ¿novela do Cesar¿

O clima entre PSDB e PFL estava bem azedo ontem. Nos bastidores, tucanos e pefelistas não escondiam ontem a irritação com a nova crise deflagrada, na visão dos tucanos, por Cesar Maia, que vem dando dores de cabeça desde o início da campanha. Alguns chegaram a declarar que este seria ¿mais um capítulo da novela¿ protagonizada por Cesar e mostravam arrependimento de não ter optado por uma aliança com Sérgio Cabral no início do primeiro turno. Na época, Cabral teria oferecido aos tucanos a vaga ao Senado e apoio na disputa pela prefeitura do Rio daqui a dois anos.

Por outro lado, os pefelistas não gostaram de ser avisados, já na madrugada de segunda para terça-feira do encontro que Alckmin teria com Garotinho. Tasso Jereissati telefonou a Bornhausen perguntando se teria algum problema. Mas o encontro já estava decidido. Os pefelistas responderam que eles, tucanos, que teriam que avaliar o que valia mais a pena.

Tasso e o coordenador executivo da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), convocaram o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que disputou o primeiro turno da eleição ao governo do Rio, para acertar a estratégia do partido no estado neste segundo turno. Embora também faça oposição a Garotinho no estado, Paes considerou positivo o apoio:

¿ Numa eleição presidencial disputada, não dá para rejeitar o apoio de uma liderança política importante que teve nada menos do que 18 milhões de votos em 2002. Ainda mais que Garotinho não pediu nada em troca, simplesmente manifestou seu apoio. Vamos proibir? Vetar?

Tasso reiterou a importância da iniciativa:

¿ Quero elogiar a decisão do ex-governador de ter nos apoiado sem pedir nada em troca. Quem rejeita apoio numa eleição? Não podemos ser soberbos ou prepotentes. Ele prometeu ajudar a reverter a eleição em favor de Alckmin no interior e na Baixada Fluminense.