Título: FORÇA-TAREFA DE AJUDA A LULA REÚNE 17 MINISTROS
Autor: Maria Lima
Fonte: O Globo, 05/10/2006, O País, p. 11

Sem autorização para deixar seus cargos, integrantes da brigada anti-Alckmin elegem Minas como prioridade

BRASÍLIA. Nada menos que 17 ministros se reuniram ontem para formar uma brigada anti-Geraldo Alckmin, candidato do PSDB que vai disputar o segundo turno da campanha com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira reunião foi na mansão do senador Wellington Salgado, líder do PMDB, onde mora o ministro das Comunicações Hélio Costa.

O debate ocorreu na pérgola da piscina, enquanto degustavam carneiro ensopado e robalo. A chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, disse aos colegas que Lula deseja que todos fiquem no cargo.

¿ O presidente não está autorizando o afastamento de nenhum ministro ¿ disse.

Hélio Costa e o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, fizeram uma consulta ao ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, para saber se é legal ou possível que tirem férias para se dedicar exclusiva à campanha em Minas. Terão resposta hoje. Minas, de onde são cinco ministros, será uma das prioridades. Lá, o presidente pretende superar o um milhão de votos que conseguiu no primeiro turno. Sonha com dois milhões de frente no segundo turno.

¿Temos direito de discutir o que quisermos no almoço¿

Os ministros descartam a possibilidade de serem questionados pela mobilização pró-Lula sem deixar seus cargos.

¿ Temos o direito de discutir o que bem entendermos na hora do almoço, fora do expediente e nos fins de semana ¿ disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informando que sua tarefa é conversar com o PSOL e o PDT.

Dilma, Hélio Costa e o ministros das Relações Institucionais, Tarso Genro, confirmaram a intenção de reavivar os escândalos do governo Fernando Henrique no segundo turno. Embora a discussão pretenda mostrar onde a corrupção foi maior ou menor, negam que estejam querendo nivelar o debate por baixo:

¿ Tenho certeza que os escândalos deles são muito maiores do que os nossos ¿ declarou Hélio Costa.

Apesar de permanecerem nos cargos, os ministros disseram que o embate com Alckmin, que não tem ministério algum para trabalhar a seu favor, é desigual.

¿ Em todos os governos anteriores os ministros trabalharam, porque só na nossa vez não pode? ¿ reagiu Dilma, sem lembrar que, no passado, o PT denunciava o uso da máquina na reeleição.

¿ Não há nenhuma desigualdade. Alckmin vai ter os secretários do Serra para trabalhar para ele ¿ disse Tarso.

¿Lula quer ver logo a origem do dinheiro esclarecida¿

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, fez um relato das investigações sobre o escândalo do dossiê. Dilma disse que ninguém mais que Lula quer ver a origem do dinheiro esclarecida. Sem citar o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Dilma cobrou medidas drásticas para punir petistas envolvidos. Com uma ressalva:

¿ A Polícia Federal não pode nem acelerar as investigações para contemplar interesses eleitorais nem atrasar para atender outros interesses.

Tarso negou que a campanha de Lula partirá para o vale-tudo. Disse que três pontos serão comparados entre os dois governos: as conquistas; a ética; as propostas.

Participam do encontro os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais), Dilma Roussef (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Silas Rondeau (Minas e Energia), Walfrido Mares Guia (Turismo), Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Paulo Sérgio Oliveira Passos (Transporte), José Agenor (Saúde), Hélio Costa (Comunicações), Orlando Silva (Esportes), Gilberto Gil (Cultura), Celso Amorim (Relações Exteriores), Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Pedro Brito, (Integração Nacional), Jorge Hage, da CGU e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência.