Título: FROSSARD CHAMA ALCKMIN DE INGÊNUO E RECUA
Autor: Rodrigo March
Fonte: O Globo, 06/10/2006, O País, p. 12

Candidata, que tinha dito que votaria nulo, se reúne com presidente do PPS e volta a afirmar que votará no tucano

Em 24 horas, a candidata do PPS ao governo do estado, Denise Frossard, mudou da água para o vinho. Depois de retirar o seu apoio a Geraldo Alckmin (PSDB), pregando o voto nulo para a Presidência e dizendo que ele não gosta do Rio, a candidata amanheceu, ontem, afirmando que não votaria mais nulo, mas sem revelar o voto. Depois, passou o dia chamando Alckmin de ingênuo, por ter aceitado o apoio do casal Garotinho. E terminou a tarde dizendo que votaria no tucano e que farão campanha juntos, no Rio, sempre que ele solicitar.

Frossard mudou de opinião após reunião com o presidente nacional de seu partido, deputado Roberto Freire, membro do conselho político da campanha de Alckmin. O presidente regional do PFL, deputado Rodrigo Maia, também participou.

¿ Vou votar nele e recomendo o voto. Agora, no estado a campanha dele é feita pelo PSDB. PFL, PPS e PV fazem a nossa. E, toda vez que me for solicitada alguma agenda, iremos ¿ afirmou Frossard.

Encontro com Freire foi tenso e durou três horas

O encontro foi tenso e durou três horas. Irritada, Frossard chegou a cobrar solidariedade de seu partido ¿ Roberto Freire a havia criticado por retirar o apoio ao tucano. Só depois de uma conversa de meia hora com Alckmin por telefone, a reunião acabou.

¿ O que eu coloquei durante o dia, de que foi um golpe, tive a confirmação. (Anthony) Garotinho, (Sérgio) Cabral e Rosinha plantaram um golpe no Alckmin, que me ligou agora e contou o que houve. O (senador) Tasso Jereissati ligou para ele dizendo que o Garotinho queria apoiá-lo. E Alckmin respondeu: pois não, está ótimo. Geraldo é um homem muito educado. E o Tasso disse: dê uma ligadinha para ele para agradecer. Alckmin ligou e Garotinho, bem no estilo malandrinho, ele e Serginho são todos malandros, cheios de ginga, falou: queremos dar um abraço no senhor. E Alckmin disse: eu não tenho agenda. Aí, ele respondeu: então, vamos aí. E foram. O que eles fizeram foi estelionato. Essa gente tem que ser varrida do Rio ¿ disse Frossard.

De manhã, ela havia chamado Alckmin de ingênuo e repetiu isso, ao vivo, em entrevista a uma TV:

¿ Jogaram isso (a rejeição de Garotinho) no colo do Geraldo, que é de Pindamonhangaba, ingênuo e não conhece o Rio. Ele deveria ter ouvido os seus parceiros, que têm votos. O prefeito Cesar Maia foi eleito no primeiro turno e eu tive quase dois milhões de votos.

Frossard também repetiu que não anularia mais o voto:

¿ Evidentemente que ninguém pode anular o voto, embora o voto nulo tenha um significado. Estava ferida, estarrecida ao ver aquela foto (Alckmin com o casal Garotinho). Vou dar o meu voto, solitário, triste, mas me reservo no direito de mantê-lo em segredo.

Perguntada se voltaria atrás na decisão de retirar seu apoio a Alckmin, a candidata disse que só falaria após a reunião com Freire. Mas disse que o tucano havia sido vítima de uma manobra do PMDB para afastar a imagem de seu adversário nas urnas, Sérgio Cabral, da do casal Garotinho.

¿ Cabral disse: vocês vão lá e vampirizam o Alckmin e eu fico com o Lula, e, seja o que der, estou bem ¿ disse.

Rodrigo Maia não quis dizer se o prefeito Cesar Maia faria campanha com Alckmin no Rio.

¿ Não vamos tratar de A, B ou C. A campanha está à disposição ¿ desconversou.

Roberto Freire, ao ser perguntado se Alckmin ainda queria o apoio do casal Garotinho, respondeu:

¿ Não posso obrigar ninguém a não votar em mim. Ele não vai recusar nenhum voto, mas não vai ter qualquer compromisso com o casal Garotinho e o seu candidato, Cabral. O episódio está superado.

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