Título: CÚPULA TUCANA TENTA GARANTIR APOIO DO PDT
Autor: Adriana Vasconcelos e Valeria Maniero
Fonte: O Globo, 06/10/2006, O País, p. 13

Para neutralizar efeito Garotinho, Alckmin espera adesão de Cristovam e PSDB e PFL trabalham por acordos nos estados

BRASÍLIA e RIO. A cúpula do PSDB está em campo atrás de um fato novo que possa neutralizar a repercussão negativa gerada pelas críticas de aliados ao apoio do ex-governador Anthony Garotinho à campanha de Geraldo Alckmin. A expectativa é que o PDT declare apoio formal à candidatura tucana. A maioria dos diretórios estaduais do partido já teria decidido pela adesão a Alckmin. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, embarcou ontem para o Maranhão com a missão de conquistar o apoio de Jackson Lago (PDT), que disputará o segundo turno com Roseana Sarney (PFL).

Ao mesmo tempo em que o PSDB tenta atrair Lago para a campanha de Alckmin, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, tem dito que não aceitará que Roseana faça campanha aberta para Lula. Ela já se recusou a apoiar Alckmin no primeiro turno e seus aliados confirmam que sua intenção é seguir os passos do pai, o senador José Sarney (PMDB-AP), apoiando Lula, que obteve no estado a melhor votação do país: 75% dos votos válidos.

Tucanos admitem precipitação mas mantêm aliança

Os tucanos reconheceram ontem que a negociação da adesão de Garotinho foi mal conduzida. A avaliação é de que o candidato tucano teria se precipitado, sem avaliar as consequências políticas da foto ao lado do ex-governador. Mas a aliança não será descartada.

O PSDB deverá se dividir no Rio, com uma ala apoiando Denise Frossard(PPS), e outra unida a Garotinho para tentar melhorar a performance de Alckmin no interior e na Baixada Fluminense, onde seu desempenho ficou abaixo dos 10%.

Ontem, na sede do PDT no Rio, houve uma reunião mas o diretório nacional ainda não decidiu a posição para o segundo turno para presidente. Outra reunião foi marcada para o dia 16. Segundo Cristovam Buarque, a maioria dos dirigentes estaduais prefere Alckmin. Para fechar a questão, o PDT formulou um documento que será encaminhado ao presidente Lula e a Alckmin. Receberá o apoio quem se comprometer com as idéias, que incluem educação básica em tempo integral e preservação de leis trabalhistas.

¿ Discutimos as condições que vamos exigir de cada candidato para escolher aquele que vamos apoiar, apenas indicar ou não. O Lupi (presidente nacional do PDT) apresentou um apanhado estado por estado e tem mais gente achando que se deve apoiar o Alckmin ou ficar neutro. No segundo turno, você vota em quem está menos distante. Passei a campanha dizendo que o programa deles dois era muito parecidos. Agora, não tem nitidez, está tudo embolado ¿ explicou Cristovam.

¿Rusgas devem ser deixadas de lado¿, diz Virgílio

Numa reunião ontem à noite com o coordenador-executivo de sua campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), Alckmin iria tentar acertar a estratégia para as adesões nos estados e evitar surpresas. Também foram escolhidos novos supervisores para a campanha no Norte e Nordeste, regiões onde Lula venceu com grande folga.

O governador de Sergipe, João Alves (PFL), vai supervisionar a campanha no Nordeste. Ele foi derrotado por Marcelo Déda (PT). Também derrotado na disputa no Amazonas, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, vai atuar no Norte. Virgílio começou a articular uma reunião suprapartidária. Além de representantes da sociedade civil, ele teria recebido sinalização de representantes do PPS, PV e PFL.

¿ Todas as rusgas locais deverão ser deixadas de lado ¿ afirmou Virgílio, admitindo que não se oporá nem mesmo a trabalhar ao lado do ex-governador Amazonino Mendes (PFL), adversário político, também derrotado no Amazonas.

O o anúncio da liberação de R$1,5 bilhão às vésperas do segundo turno da eleição, não assusta, dizem os tucanos.

¿ Liberar dinheiro na véspera de eleição não produz obra, mas pode produzir corrupção ¿ disse Sérgio Guerra.