Título: Intervenção branca nos estados
Autor: Heliana Frazao
Fonte: O Globo, 06/10/2006, O País, p. 14

BRASÍLIA. Para evitar qualquer novo problema para a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin, o PSDB decidiu que nos estados onde houver segundo turno as alianças regionais tucanas estarão subordinadas ao aval do comando nacional do partido. A deliberação da Executiva do PSDB foi decidida de forma discreta esta semana como forma de evitar crises como a provocada no Rio, após o anúncio do apoio do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB).

¿ No primeiro turno, o interesse local falou mais alto do que o interesse nacional. Está na hora de priorizar a candidatura de Alckmin ¿ diz a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), da coordenação de campanha.

A decisão de vincular resoluções regionais aos interesses da campanha de Alckmin significa na prática uma intervenção branca nos diretórios estaduais. No Rio, o PSDB estadual terá que se decidir em favor da candidatura de Denise Frossard (PPS). Ainda mais depois que ela ontem recuou em relação à declaração do voto nulo.

O deputado Eduardo Paes foi avisado da decisão e já teria concordado que fará o que for melhor para a candidatura Alckmin. Muitos tucanos do Rio queriam que o partido ficasse neutro. Mas se o acordo for fechado, o PSDB local será obrigado a apoiar Denise.

O mesmo deve ocorrer em outros estados. No Rio Grande do Norte, o tucano Geraldo Mello que negocia o apoio à reeleição da governadora Vilma Farias (PSB), terá que mudar de planos. Além de Vilma ser a responsável pelo palanque do presidente Lula no estado, o comando nacional do PSDB quer atrelar a campanha de Alckmin ao senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que disputa o segundo turno.

¿ Para melhorar a campanha de Alckmin no Rio Grande do Norte é preciso que o PSDB local passe a apoiar Garibaldi. É uma troca de apoio. Isso tem que acontecer em todo Brasil. É hora de juntar esforços ¿ explica o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN).

Em Pernambuco, a situação foi inversa. Mesmo com o apoio do PFL, o comando da campanha de Alckmin sentia a falta de empenho do governador Mendonça Filho (PFL-PE) de vincular sua reeleição a Alckmin. Foi preciso uma cobrança dura do coordenador da campanha do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), para assegurar a presença de Alckmin na campanha pefelista.

O esforço do PSDB nacional é tentar curar as feridas do primeiro turno. No Maranhão, onde o partido resolveu lançar candidato ao governo estadual contra a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), a ordem é buscar entendimento.