Título: ANFITRIÃO DE MINISTROS FOI DEFENSOR DE SUASSUNA NA CPI
Autor: Iliamar Franco
Fonte: O Globo, 06/10/2006, O País, p. 15

Wellington Salgado, suplente de Hélio Costa, abriu sua casa para força-tarefa de Lula

BRASÍLIA. A suntuosa casa onde 17 ministros do governo Lula se reuniram anteontem, quando traçaram estratégias para tentar derrotar o tucano Geraldo Alckmin, pertence ao empresário carioca Wellington Salgado. Ele é dono da Universidade Salgado de Oliveira (Universo), financiador e suplente de senador do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-RJ). Quando Costa foi chamado para o Ministério, Salgado assumiu a vaga de senador, e passaram a dividir o mesmo teto. No caso, a mansão na antiga península dos ministros, no Lago Sul.

O casarão tem lago artificial com carpas e vitórias-régias e um deck de madeira, que leva à entrada principal. Ardoroso defensor do ex-líder Ney Suassuna (PMDB-PB) na CPI dos Sanguessugas, Salgado assumiu a liderança quando este caiu em desgraça. Na CPI, Salgado obstruiu como pôde as investigações e teve embates com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI e deputado mais votado do Rio nessas eleições.

Gabeira acusou Salgado de defender interesses na presidência da Comissão de Educação e de ter ganhado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), um terreno público de R$4 milhões, onde construiu uma de suas unidades.

A rede Universo, hoje com 12 mil alunos em 11 cidades, é alvo de ação popular na Justiça de Goiás para a devolução de um terreno de 5.388 metros quadrados. Salgado é acusado de simular, em 1996, um contrato de comodato com Renan, então presidente da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (Cnec), para ocupar o imóvel por 20 anos, podendo renová-lo por mais 20. Só que uma cláusula revela a existência de um documento paralelo com um pacto de compra e venda.

Renan alega que era presidente honorário da Cnec e só assinou o documento da venda do terreno, feita pelo então presidente Felipe Tiago Gomes. Salgado foi procurado para falar sobre o assunto, mas não atendeu ao GLOBO.