Título: CIRO SOBRE HAGE: `ELE DEVERIA PAGAR TAXA DE ABUSO¿
Autor: Iliamar Franco
Fonte: O Globo, 06/10/2006, O País, p. 15

Ministro da CGU usou carro oficial para ir a ato pró-Lula e deverá ter de se explicar à Comissão de Ética Pública

BRASÍLIA. O deputado federal eleito Ciro Gomes (PSB-CE), um dos articuladores da campanha do presidente Lula, criticou ontem o chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, pelo uso de carro oficial para ir a uma reunião política, na qual 17 ministros discutiram estratégias para a campanha à reeleição num almoço. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República está analisando pedido de esclarecimentos a Hage.

Para Ciro, Hage, que fiscaliza a conduta ética dos servidores públicos e a aplicação da verba federal pelas prefeituras, precisa dar o exemplo. Como já errou, disse, Hage deve devolver o dinheiro aos cofres públicos.

¿ Hage não poderia ter ido à reunião ontem (quarta-feira) em carro oficial. Vocês devem meter o pau nele. Ele deveria ser obrigado a pagar a gasolina usada no trecho, a hora extra do motorista e uma taxa de abuso. Moralista tem que ser mais sério que os outros ¿ disse Ciro, ao sair de mais um encontro com Lula no Palácio da Alvorada.

O chefe da CGU foi o único a usar carro oficial. Caso o pedido de informação seja encaminhado, será a partir das justificativa de Hage que a Comissão de Ética decidirá se abre processo disciplinar contra ele.

Ministro não responde a ex

Como não há lei que proíba o uso de carros oficiais em eventos de campanha, a análise do caso deverá ser feita com base numa resolução de 2002 da Comissão de Ética, que regulamenta a participação de autoridades públicas em atos eleitorais. Pela resolução, ministros podem atuar em campanhas políticas, mas ¿a atividade político-eleitoral da autoridade não poderá resultar em prejuízo do exercício da função pública, nem implicar o uso de recursos, bens públicos de qualquer espécie ou de servidores a ela subordinados¿.

Hage não respondeu a Ciro:

¿ Minha responsabilidade política não me permite responder a esse tipo de comentário. Não vou dizer mais nada sobre essas críticas.

Ele voltou a dizer que não há irregularidade no uso do carro:

¿ O carro é de representação pessoal para uso do ministro, inclusive nas duas horas de almoço. Uso o carro todos os dias para sair da controladoria e almoçar, independentemente se vou à minha casa, a um restaurante ou à casa de um amigo. É legal, não está fora da lei. Ontem recebi o telefonema para ir a esse encontro quando já estava saindo para almoçar. Seria inviável ir até minha casa, pegar meu carro para depois seguir para o almoço. Tenho certeza de que não há nada de ilegal no que fiz.

(*) Da CBN, especial para O GLOBO