Título: PF PRENDE CEM SUSPEITOS DE SONEGAÇÃO NO PAÍS
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Fonte: O Globo, 06/10/2006, Economia, p. 36

Operação Grandes Lagos foi desencadeada em 5 estados, sobretudo São Paulo. Rombo ultrapassa R$1 bilhão

terior de São Paulo, suspeitos de sonegação fiscal. A operação abrangeu ainda outros quatro estados brasileiros

SÃO PAULO, ARAÇATUBA (SP) e BRASÍLIA. A Polícia Federal (PF) prendeu ontem cem pessoas acusadas de envolvimento numa organização criminosa que teria sonegado cerca de R$1 bilhão nos últimos cinco anos. As fraudes teriam ocorrido na negociação de carnes e derivados por meio de frigoríficos instalados no interior de São Paulo, segundo o delegado responsável pela investigação, Victor Hugo Alves.

¿ O grupo participava de um megaesquema de fraudes que causou grande prejuízo aos cofres públicos ¿ disse o delegado.

Batizada de Grandes Lagos, pelo fato de as empresas estarem concentradas na região dos Grandes Lagos, no noroeste de São Paulo, a ação contou com cerca de 700 policiais federais, responsáveis pelo cumprimento de 109 mandados de prisão e 147 de busca e apreensão distribuídos em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais.

Segundo a PF, o grupo era comandado pelo empresário Alfeu Crozato Mozaquatro, dono do Grupo Mozaquatro, que reúne 16 empresas especializadas no comércio de carnes e derivados. Também teriam participação no esquema os empresários João Félix Altomari, Emílio Carlos Altomari e João do Carmo Lisboa Filho, responsáveis por cinco empresas do mesmo ramo na região, dentre elas a Campboi-Barão Indústria de Carnes.

Inquérito deve ser concluído em até 90 dias

Todos os empresários presos, segundo a PF, estão distribuídos em sete cadeias públicas do interior paulista. Segundo Victor Hugo, o grupo comercializava carnes utilizando-se de empresas fantasmas para evitar o recolhimento de tributos.

O suposto grupo criminoso, que atuaria há mais de dez anos no ramo, era investigado há cerca de dois anos pelas secretarias da Receita Federal e Receita Previdenciária. Também participaram da operação a Receita Federal, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministério Público Federal.

O inquérito policial deve ser concluído nos próximos 60 dias, segundo a PF, após análise do material apreendido, interrogação dos acusados e declarações de testemunhas.

Ainda segundo a PF, o esquema envolvia fiscais da Receita Federal de Campinas e Secretaria da Fazenda, em São Paulo, além de uma fiscal do Ministério do Trabalho, que foi presa. Os suspeitos realizariam diversas atividades ilícitas, como abertura de empresas de fachada, mudança de registros de empresas e liberação de ICMS irregularmente.

A organização é ampla e bastante complexa, com núcleos distintos de atuação, segundo a PF. Outros núcleos venderiam créditos fictícios de ICMS e emitiriam notas fiscais falsas para frigoríficos do interior paulista. Ao todo, 159 empresas e 173 pessoas são suspeitas de participar do esquema. Estima-se que a movimentação anual do bando tenha chegado a R$50 milhões.

A PF terá agora dois meses para concluir o inquérito, que deve indiciar os suspeitos por sonegação fiscal e estelionato. (Agências internacionais, com Brunno Folli e Diogo Rocha, do Diário de S. Paulo)