Título: PF QUER OUVIR EX-DIRIGENTE PETISTA
Autor: Chico de Gois
Fonte: O Globo, 07/10/2006, O País, p. 9

Berzoini chefiava três suspeitos de envolvimento na compra do dossiê

CUIABÁ. Afastado da presidência do PT, o deputado Ricardo Berzoini (SP) deve ser ouvido semana que vem pela Polícia Federal no inquérito que investiga a origem dos recursos que seriam usados por integrantes do partido para comprar do empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, um dossiê contra candidatos do PSDB. Por ser deputado federal, ele tem prerrogativa de marcar data, hora e local do depoimento, que pode ser em Brasília.

Berzoini nega envolvimento com a negociação, mas vai ter que dar explicações à PF sobre as informações dadas à revista ¿Época¿ pelo seu ex-assessor Oswaldo Bargas. Segundo ¿Época¿, ao tentar oferecer o dossiê à revista, Bargas revelou que Berzoini fora informado da negociação com Vedoin.

Os policiais devem ouvir o petista porque, como coordenador da campanha pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Berzoini era o chefe de três envolvidos na operação: além de Bargas, o ex-chefe do serviço de Inteligência do PT, Jorge Lorenzetti, e o ex-diretor do Banco do Brasil, Expedito Veloso. Berzoini foi afastado da coordenação depois que seu nome veio à tona e após dar três versões diferentes sobre participação de seus assessores.

O R$1,7 milhão em notas de real e dólar apreendido com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha num hotel em São Paulo, quando esperavam pela chegada dos documentos enviados de Cuiabá por Vedoin, teria sido levado pelo ex-coordenador da campanha de Mercadante, Hamilton Lacerda. Lacerda foi flagrado nas imagens do circuito interno de TV do hotel carregando uma mala que, segundo depoimento de Valdebran, era igual à que lhe foi entregue com parte de dinheiro (R$1 milhão).

Ligações telefônicas também estão sob investigação

A PF agora investiga as ligações telefônicas feitas por Hamilton Lacerda nos dias que antecederam as prisões. Ontem, depois de se queixar ao juiz federal Jefferson Schneider, o delegado Diógenes Curado Filho, responsável pelas investigações, recebeu da operadora de telefonia celular Claro os extratos com a relação de telefonemas feitos por Lacerda. Os agentes acreditam que a analise das ligações incluirá novos personagens ao rol de investigados.

Semana passada, o grupo ligado a Berzoini teve prisão temporária decretada pela Justiça Federal do Mato Grosso, mas a ordem foi revogada por um hábeas-corpus concedido aos suspeitos pelo Tribunal Regional Federal (TRF).

A Polícia Federal está investigando envolvimento de uma casa de câmbio de Santa Catarina no caso do dossiê. A casa de câmbio é do mesmo estado do petista Jorge Lorenzetti, que participou das negociações para a compra do dossiê da família Vedoin. A PF quer saber se essa casa de câmbio foi usada para arrecadar parte do dinheiro apreendido com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha.

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