Título: PT PRESSIONA E PDT FICA NEUTRO NO RS
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 07/10/2006, O País, p. 15

Tarso coordenou ofensiva, com verbas, para evitar apoio à tucana Yeda

PORTO ALEGRE. Sob pressão do PT, alguns prefeitos do PDT impediram ontem que o partido apoiasse formalmente a tucana Yeda Crusius nas eleições para o governo gaúcho, contra o petista Olívio Dutra. Os prefeitos votaram pela neutralidade, no segundo turno da disputa estadual. A ofensiva petista foi comandada pelo ministro das Relações Institucionais, o gaúcho Tarso Genro, e por um dos coordenadores da campanha de Lula no Rio Grande do Sul, o prefeito licenciado de Santa Maria, Valdeci Oliveira. A posição desses prefeitos foi incentivada pela liberação de verbas federais para seus municípios, revelou um importante dirigente do PDT do Rio Grande do Sul.

¿ Um município pobre não tem como sobreviver se não vier algum recurso e lá no governo federal tem recursos. Se é onde tem recurso, eu tenho que estar onde tem dinheiro. Nessa hora não tem muito como olhar para partido político. Se eu não votasse assim eles podiam tirar as obras daqui e levar para outro município ¿ disse Mário Jesus de Camargo, prefeito de Lagoão, um dos mais pobres municípios do estado, citando como exemplo da ajuda federal o Programa Luz Para Todos, segundo ele ¿ um milagre¿.

Tucana espera receber adesão do PMDB na segunda-feira

Além do prefeito de Lagoão, também votou nessas condições o prefeito de Jacuizinho, Antonio Gilson de Brum.

¿ O Tarso Genro andou por aqui contatando esses prefeitos. O Valdeci também visitou os prefeitos das pequenas cidades pedindo o apoio. Se não fossem esses votos, o partido teria apoiado a Yeda ¿ disse o dirigente do PDT.

Mas nem todos os votos pela neutralidade decorreram das pressões do PT. Foi o caso do ex-governador e candidato derrotado Alceu Collares, que defendeu a neutralidade por ter uma posição crítica em relação ao projeto neoliberal do PSDB.

Em reunião do diretório estadual, o PDT decidiu por uma margem muito pequena de votos ficar neutro tanto para o governo do estado quanto para o governo federal. Houve 59 votos a favor da neutralidade e outros 56 em favor de Yeda Crusius, sem qualquer voto a favor do apoio ao petista Olívio Dutra.

Em reunião ontem com os 265 candidatos que concorreram por sua coligação no primeiro turno e com apoiadores, totalizando mais de 500 pessoas, Yeda confirmou que na segunda-feira espera receber a adesão do PMDB. Ela alertou que não considera a eleição ganha, embora tenha a seu lado as principais forças políticas do estado.

¿ Não vai ser fácil vencer no segundo turno. Ai de quem pensa que por largar na frente vai chegar na frente ¿ alertou ela, anunciando também que sua meta é fazer 70% dos votos na eleição.