Título: PC DA CHINA DEBATE CORRUPÇÃO NO GOVERNO
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 08/10/2006, O Mundo, p. 51

Reunião da cúpula do partido é fechada à imprensa: casos cada vez mais freqüentes de malversação de verba

PEQUIM. Os cerca de 350 membros do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC) se reúnem de hoje até quarta-feira, sob o comando do secretário-geral do partido e presidente do país, Hu Jintao, com a missão oficial ¿ e secreta, sem acesso da mídia ¿ de debater um estudo da Secretaria Política do partido sob os cada vez mais freqüentes casos de corrupção na cúpula do PCC.

Eles debaterão também o conceito confucionista de sociedade harmoniosa, apropriado pelo próprio Hu, algo que hoje, na China, parece longe da realidade.

Trata-se de um encontro importante para Hu Jintao, que busca ampliar seu poder no partido às vésperas do 17º Congresso do Partido Comunista, no ano que vem, uma reunião que ocorre a cada cinco anos.

A reunião do comitê central não será acompanhada pela imprensa estatal, mas entrevistas de líderes do partido a jornais estrangeiros mostram uma certa apreensão com a capacidade de Hu Jintao de acabar com a corrupção por meio de uma ampla ¿ e provavelmente traumática ¿ reforma política, em vez dos periódicos expurgos feitos pelo partido.

Chefe do partido em Xangai foi afastado

Um deles ocorreu mês passado, em Xangai, quando o chefe do partido na maior cidade da China, Chen Liangyu, foi afastado do cargo por ¿estar envolvido na malversação de recursos dos fundos de pensão do município¿.

Chen foi o último de uma lista de membros do partido que foram perdendo seus cargos ¿ e, em alguns casos, detidos para julgamento ¿ por conta do desvio de US$400 milhões dos fundos que garantem a aposentadoria dos funcionários de empresas estatais de Xangai.

¿ A maior lição que o episódio de Xangai pode dar ao partido é a necessidade urgente de se acelerarem as reformas políticas que vão expandir a democracia dentro do partido ¿ afirmou Gao Fang, membro do PCC e professor de política na Universidade do Povo da China, em Pequim, à rede de TV CNN.