Título: EX-TUCANO, HARTUNG, ELEITO NO ES, SOFRE ASSÉDIO DE PETISTAS
Autor:
Fonte: O Globo, 08/10/2006, O País, p. 10

Lula sai na frente com Cabral no Rio, enquanto Alckmin leva vantagem com os gaúchos

BRASÍLIA. Depois de marcar o primeiro gol do segundo turno, com o apoio do senador Sérgio Cabral no Rio, a campanha pela reeleição do presidente Lula busca novas adesões. Os petistas negociam em várias frentes e procuram de todas as formas integrar na campanha o único governador eleito no primeiro turno que está neutro, o capixaba Paulo Hartung (PMDB). E ainda ampliar os apoios de políticos do Sul, onde Lula teve o pior desempenho contra o adversário, Geraldo Alckmin.

Apoiado por uma coligação ampla, do PT ao PSDB, Hartung resiste a abrir o voto para não desagradar a seus aliados no estado. Mais do que a força eleitoral do Espírito Santo, o apoio de Hartung, um ex-tucano, teria forte significado político para a campanha de Lula.

¿ O ideal é que o Hartung apóie a reeleição. Essa é a expectativa ¿ diz Gleber Naime, integrante da executiva petista que dirige o grupo de trabalho eleitoral.

No Paraná, o presidente licenciado de Itaipu Binacional, Jorge Sameck, negocia com o governador Roberto Requião (PMDB) uma troca de apoio.

Em Santa Catarina, a senadora Ideli Salvatti (PT) está em entendimentos com o candidato do PP ao governo, Esperidião Amin. Mas o xadrez político no estado é complicado: uma parte da base do PMDB, do governador Luiz Henrique, deu apoio a Lula no primeiro turno, e uma parcela da base do PFL já está na campanha de Amin.

¿ Nós estamos conversando para ver o que é mais conveniente. O Amin pode perder eleitores do PFL se apoiar o Lula. O Lula pode perder eleitores do PMDB se nós apoiarmos o Amin ¿ diz Ideli.

Os petistas, que ficaram a 1,39 ponto percentual da vitória no primeiro turno da eleição presidencial, procuram ampliar o apoio a Lula, enfraquecendo, de preferência, o palanque de Alckmin. Já teriam conseguido pelo menos um tento: o governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi, apesar de seu partido, o PPS, estar na coligação de Alckmin, deve apoiar Lula, segundo informações dos comandantes da campanha do PT.

O PT quer enfraquecer Alckmin também no Maranhão. O PT e o PSB, aliados do candidato do PDT ao governo, Jackson Lago, o pressionam para que ele se declare neutro nas eleições presidenciais. Tasso Jereissati esteve em São Luís quinta-feira e teria conseguido o apoio de Lago.

Lula se empenha pela adesão de Rigotto no Sul

Independentemente da posição que a executiva nacional do PDT tomar, a coordenação da campanha pela reeleição trabalha nos estados. Na sexta-feira, comemoravam o fato de o PDT do Rio Grande do Sul, um dos estados em que o trabalhismo tem tradição, ter decidido não se posicionar no segundo turno das eleições presidenciais. A expectativa é que o candidato do PDT ao governo gaúcho, o deputado Alceu Collares, que fez 3,71% dos votos para o governo, entre na campanha de Lula.

Do PDT, Lula já tem o apoio do prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, e do senador eleito pela Bahia, seu pai João Durval.

Lula está pessoalmente empenhado em conquistar o apoio do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), que ficou fora do segundo turno, mas fez 27,12% dos votos, e já declarou que não dará apoio nem a Alckmin nem à candidata do PSDB ao governo, a deputada Yeda Crusius.