Título: PSDB ADOTA CAUTELA NA HORA DE FIRMAR ALIANÇAS POLÍTICAS
Autor:
Fonte: O Globo, 08/10/2006, O País, p. 10

Maior desafio do partido para o segundo turno é transformar apoio em votos para Alckmin

BRASÍLIA. Depois da desastrosa articulação para anunciar o apoio do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, o comando da campanha do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, resolveu adotar uma estratégia mais cautelosa para ampliar o palanque tucano. Apoios importantes nos estados precisam ser conquistados, mas sem novas turbulências. Para fazer com que eles sejam transformados, de fato, em votos, Alckmin vai se apresentar para os derrotados ou para os que estão no segundo turno como a tábua de salvação de seus projetos políticos.

A deliberação da executiva nacional de subordinar as alianças regionais ao interesse da candidatura de Alckmin é o caminho mais seguro para o PSDB resolver impasses regionais e garantir engajamento na campanha.

¿ A prioridade de todo o PSDB será Alckmin. Já aprendemos com os erros do adversário ¿ diz o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), coordenador da campanha.

O episódio Garotinho e a ida precipitada de Alckmin à Bahia do derrotado senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) são erros que ainda terão um custo político a ser administrado, avaliam os tucanos. Para amenizar o desgaste, além da estratégia de deixar os petistas na defensiva no caso do dossiê, fatos novos serão criados para reforçar a campanha no Sul e no Sudeste.

Os governadores eleitos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) foram chamados para ampliar a votação de Alckmin em seus estados. Os tucanos estão convencidos de que Minas foi o estado que conseguiu assegurar o segundo turno. Aécio já marcou um grande ato para Alckmin, terça-feira, em Belo Horizonte.

O comando do PSDB tem também como preocupação curar feridas do primeiro turno e agregar os que ficaram afastados. No PFL, um exemplo de insatisfação é a do ex-governador do Amazonas Amazonino Mendes, que perdeu a eleição mas ainda tem grande poder de voto. Por causa da disputa com Arthur Virgílio (PSDB-AM), Amazonino abandonou a campanha de Alckmin, e o tucano perdeu no estado por cerca de um milhão de votos.

Nordeste vai ganhar estratégia específica

O Nordeste vai ser foco de uma estratégia específica. Já foram acertados os palanques em todos os estados da região. No Maranhão, Alckmin deve caminhar para uma aliança competitiva. Com a decisão da senadora Roseana Sarney (PFL-MA) de apoiar Lula, o PSDB local conseguiu envolver o ex-prefeito Jackson Lago (PDT) na campanha de Alckmin.

No Piauí, com a definição da eleição estadual no primeiro turno, três grupos foram chamados para ajudar: o do PFL, comandado pelo senador Heráclito Fortes; o do PMDB, do senador Mão Santa; e o do PSDB local, forte em Teresina com o prefeito Silvio Mendes. No Rio Grande do Norte, o PSDB nacional está fechando acordo com o senador Garibaldi Alves (PMDB), que disputa o segundo turno com Vilma Farias (PSB), que apóia Lula.

Já no Ceará, o senador Tasso Jereissati vai reforçar a campanha no interior, enquanto o deputado Moroni Torgan (PFL-CE) se empenhará na região metropolitana. Mesmo derrotado, o governador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), que escondeu Alckmin de sua campanha no primeiro turno, poderá ajudar na campanha. Na Paraíba e em Pernambuco, os governadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Mendonça Filho (PFL-PE), que disputam o segundo turno, foram advertidos que não podem mais fazer corpo mole, como fizeram na primeira fase da campanha.