Título: VAMOS DESVENDAR OS MITOS DO GOVERNO LULA¿
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 08/10/2006, O País, p. 14

Coordenador da campanha de Alckmin diz que não teme comparação com FH

A ida de Geraldo Alckmin para o segundo turno da disputa presidencial revolucionou o comitê central da campanha do PSDB em Brasília. O telefone não pára de tocar e os aliados, raros no primeiro turno, entram e saem a toda hora. A rotina do coordenador-geral da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), também se intensificou. Crise com aliados no Rio, esforço para garantir o empenho do candidato do PFL ao governo de Pernambuco, Mendonça Filho, e reuniões com Alckmin para organizar a estratégia da segunda etapa, que irá apostar nos dois maiores colégios eleitorais do país: São Paulo e Minas.

A crise com aliados no Rio jogou água fria na campanha que entrou no segundo turno de alma renovada?SÉRGIO GUERRA: No segundo turno são feitos novos entendimentos e realinhamentos. Era previsível que alguma crise aparecesse. Mas na semana que vem (esta semana) é campanha. Não há tempo para crise. Qual o maior desafio agora?GUERRA: Afinar o discurso, ter excelente participação nos debates e manter o clima muito positivo das ruas. Além de organizar a campanha no Nordeste. O apoio que tivemos lá vai agora se transformar efetivamente em campanha, que será compulsoriamente federalizada.Lula teve seu melhor desempenho no Nordeste, e Alckmin, o pior. Como mudar isso?GUERRA: No primeiro turno, trabalhávamos com a hipótese de ter 20% dos votos e tivemos 26%. Nas áreas em que crescemos de maneira relevante nos dez dias que antecederam as eleições, vamos manter essa curva de crescimento, e é justamente nessas áreas que se concentra a maior parte dos eleitores.São Paulo e Minas tiveram papel preponderante para garantir a ida de Alckmin ao segundo turno. Qual é a estratégia para os dois maiores colégios eleitorais do país?GUERRA: Vamos ampliar a diferença em São Paulo e ganhar a eleição em Minas, estados que elegeram, de forma consagradora, dois dos maiores líderes do PSDB. O governador reeleito de Minas, Aécio Neves, e o futuro governador de São Paulo, José Serra, são fortes candidatos à sucessão de 2010 e, por isso, defendem o fim da reeleição. O PSDB vai encampar essa bandeira?GUERRA: Eu sou contra a reeleição. Foi uma experiência malsucedida. Como parlamentar experiente, acho que ela está com os dias contados.Pernambuco deu o vice e o coordenador da campanha de Alckmin. E Lula teve a segunda maior votação do país lá...GUERRA: O presidente Lula é forte em Pernambuco, seu estado natal. Nunca perdeu uma eleição lá. Chegamos a 23% lá. Nossa meta era chegar a 20%. Agora, com a campanha casada que faremos com o PFL e o PMDB para governador, vamos crescer muito mais. Não vamos ganhar (em Pernambuco), mas teremos outro resultado.Como enfrentar a tropa de choque que o presidente convocou para ajudá-lo na campanha?GUERRA: O PT e a campanha de Lula terão muita sorte se esse pessoal não fizer besteira outra vez. Quem tem de temer essa tropa de choque são eles mesmos.Lula e seus ministros mostraram-se dispostos a entrar agora no debate sobre a ética proposto pelos tucanos.GUERRA: Deverão discutir primeiro entre eles, internamente. Quando resolverem os problemas não explicados, como a origem do dinheiro roubado para comprar dossiê falso, poderão discutir a ética no sentido mais amplo. A disputa será sangrenta?GUERRA: Desejamos esclarecer fatos que todo mundo conhece e que ainda não foram esclarecidos. Ao contrário, as investigações estão sendo postergadas.Qual será o tom dos programas de TV?GUERRA: As propostas serão mais detalhadas, compromissos mais explícitos. Alguma mudança de linguagem, mas nenhuma de conteúdo. Foi com esse programa que chegamos ao segundo turno e será com ele que vamos ganhar a eleição. Haverá muitas cenas externas.Há receio da comparação que Lula quer fazer do seu governo com o de Fernando Henrique?GUERRA: A campanha do presidente Lula olha para trás porque não pode olhar para frente. Vamos desvendar alguns mitos do governo atual, como o de que melhorou a distribuição de renda e a sustentabilidade das populações mais pobres.