Título: CONVERSA COM CABRAL ANTES DE ADERIR A TUCANO
Autor: Maia Menezes
Fonte: O Globo, 08/10/2006, O País, p. 19

Garotinho dá ciência a aliado antes de apoiar Alckmin

Garotinho conversou com o aliado Sérgio Cabral por telefone, pouco antes de declarar oficialmente o apoio a Alckmin. O deputado federal Moreira Franco (PMDB), coordenador da campanha do tucano no Rio, chegou a propor, em uma reunião na quarta-feira à tarde, punição aos integrantes do partido que não fizessem campanha para o tucano no estado. A proposta não foi aceita por Cabral e pelo deputado estadual Jorge Picciani, presidente da Assembléia Legislativa. Dos 92 prefeitos do estado, 76 participaram de um ato pró-Lula, na última quinta-feira, num restaurante da Zona Sul do Rio (dois deles admitiram que votariam em Alckmin). No mesmo dia, Garotinho reunia 13 prefeitos pró-Alckmin ¿ dois deles também afirmaram que votariam em Lula.

Uma platéia eclética se uniu em torno do presidente, na quinta-feira à noite, no primeiro ato público da campanha Cabral-Lula, rumo ao segundo turno. Deputados federais como Simão Sessim (PP-RJ) e Jorge Bittar (PT-RJ) se uniram a prefeitos como André Ceciliano (PT), de Paracambi, e Washington Reis (PMDB), de Duque de Caxias. O último, em um sinal claro da dupla identidade do PMDB do Rio na eleição nacional, foi aos dois encontros de quinta-feira, organizados por Garotinho e Cabral.

Para agradar a Lula, o peemedebista foi ¿politicamente incorreto¿. Em nome da adesão de Crivella ao palanque múltiplo em defesa do presidente, Cabral retirou de votação projeto sobre união homossexual.

Efeito inicial sobre aliados de Alckmin foi estrondoso

O efeito inicial da jogada de Garotinho foi bombástico: na terça-feira, enquanto o peemedebista desembarcava na porta do comitê de Alckmin com a governadora Rosinha Garotinho e a filha mais velha, Clarissa Matheus, o prefeito Cesar Maia, adversário histórico do casal, chamava a adesão de ¿beijo da morte¿. Denise Frossard (PPS), afilhada política de Cesar Maia, foi ainda mais dura: retirou de imediato o apoio.

Depois do susto, os bombeiros saíram em socorro do tucano no estado. O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, interveio e Denise recuou. Ela, que chegou a pregar o voto nulo ao ser informada sobre a adesão de Garotinho aos tucanos, foi enquadrada e disse que vai pedir votos para o aliado tucano.

Cesar também voltou atrás, mas o destino dessa parceria ainda é incerto. Cabral já anunciou que não sobe no mesmo palanque de Frossard e de Cesar Maia. A aversão é recíproca ¿ o pefelista também rejeita a parceria. A juíza aposentada, que usou como estratégia de campanha as críticas contundentes ao casal Garotinho, poderá ficar acuada no segundo turno, ao dividir o palanque com o aliado nacional, em torno de Alckmin.