Título: A nova batalha
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 09/10/2006, O GLOBO, p. 2
Apesar da crise na base de apoio da candidatura Geraldo Alckmin no Rio de Janeiro, o comando político da campanha não se arrepende do acordo feito com o ex-governador Anthony Garotinho. A aliança não tem o objetivo apenas de tentar ampliar a votação do tucano no Rio. O que os tucanos esperam mesmo é que Garotinho consiga votos de eleitores evangélicos e pobres do Nordeste.
Somente ao final da campanha do segundo turno será possível avaliar se a aposta foi correta. Nesse momento se saberá se os votos levados por Garotinho para Alckmin vão compensar eventuais perdas no Rio de Janeiro. O estado é considerado estratégico para os dois candidatos, e Lula saiu na frente no Rio. No primeiro turno, o petista fez 49,18% dos votos e o tucano, 28,86%. Na primeira pesquisa Datafolha para o segundo turno, Lula ampliou a diferença, ficando com 56% dos votos válidos, contra 32% de Alckmin no estado. O resultado frustrou os aliados do tucano. Antes da aliança com Garotinho, eles imaginavam que Alckmin poderia crescer na capital.
O resultado da primeira pesquisa no Rio pode significar que está se criando um quadro em que o candidato vencedor no primeiro turno reforce sua posição no segundo turno. Essa mesma tendência verificou-se na primeira pesquisa Ibope para o segundo turno no Rio Grande do Sul. Alckmin fez 55,76% dos votos e tem agora 59% em votos válidos. Lula fez 33,07% dos votos e agora tem 32% dos votos válidos.
A pesquisa nacional Datafolha também sugere essa hipótese. Na região Sul, entre o resultado do primeiro turno e a primeira pesquisa, Alckmin agregou nove pontos percentuais e Lula, três pontos percentuais. Os petistas acreditam que Lula pode ampliar sua votação no Nordeste, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. A pesquisa Datafolha revela que Alckmin tem potencial para ampliar sua diferença no Sul. Nas regiões Sudeste e Nordeste, a diferença entre os candidatos permaneceu a mesma. Ambos subiram, mas a diferença entre eles continua a ser de dois pontos percentuais a favor de Alckmin no Sudeste e 40 pontos percentuais a favor de Lula no Nordeste.
A pesquisa Datafolha indica que a esmagadora maioria dos eleitores de Lula e Alckmin tende a repetir seus votos no segundo turno. Por isso, a exemplo do que ocorreu no primeiro turno, quando o dossiê tirou a vitória do presidente Lula, os tucanos dependem de um fato novo, ou de um erro contundente, para virar as eleições.