Título: PC CHINÊS QUER SOLUÇÕES PARA DESIGUALDADE
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Fonte: O Globo, 09/10/2006, O Mundo, p. 23

PEQUIM. O Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC) iniciou ontem sua reunião anual debruçado sobre um documento que sugere a adoção de mecanismos de proteção social típicos dos regimes social-democratas da Europa pré-anos 1990 como forma de evitar conflitos no país. Ele deve sugerir a ampliação dos sistemas atuais de previdência, seguro-saúde e contra o desemprego.

Segundo a agência de notícias estatal Xinhua ¿ que monopoliza a distribuição de notícias sobre o encontro, previamente aprovadas pela cúpula do PCC ¿ o partido admite que desafios crescem à medida que o país se desenvolve, sendo os três maiores a desigualdade entre ricos e pobres, a crescente corrupção no governo e a falta de proteção a determinados grupos da sociedade, especialmente no campo.

Alardeando uma maior disposição para o conflito social quando um país alcança uma renda per capita acima de US$1 mil, o PCC alerta que a desigualdade na China exige medidas urgentes, uma vez que o coeficiente de Gini (um indicador do nível de desigualdade de um país) já alcançou 0,46 (quanto mais perto de zero, menos desigual). A China tem hoje um PIB per capita de US$1.714.

¿O PCC vai consolidar sua legitimidade ao garantir a Justiça social¿, afirmou Huang Zongliang, professor da Universidade de Pequim, à Xinhua. ¿Os partidos comunistas da União Soviética e do Leste Europeu perderam poder porque se distanciaram das massas, presos a regras muito rígidas. Eles se recusaram a mudar, negligenciaram suas contradições e violaram as leis do desenvolvimento¿. (Gilberto Scofield Jr.)