Título: Até corte de gastos vira guerra
Autor:
Fonte: O Globo, 11/10/2006, O País, p. 3

Assessor de Alckmin fala em redução de despesas e PT rebate, levando tucano a desautorizá-lo

O economista Yoshiaki Nakano, um dos elaboradores do programa econômico de governo do candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, acabou dando ontem munição para a estratégia do PT, que tem acusado o tucano de pretender demitir servidores e privatizar estatais, o que Alckmin nega. Em seminário da UFF e da UFRJ no Rio, Nakano defendeu uma redução dos gastos correntes da ordem de até 3,4% do PIB e a adoção, pelo governo, de mecanismos de administração do câmbio. Para ele, é possível cortar os gastos apenas com maior eficiência de gestão e combate ao desperdício, sem efeitos recessivos. Foi o bastante, porém, para que o PT, que elevou os gastos este ano e já chegou a falar em "risco Alckmin", ampliasse o discurso do medo - apesar de especialistas defenderem a contenção das despesas públicas. Coordenador da campanha do presidente Lula e agora também presidente do PT, Marco Aurélio Garcia disse que o corte de gastos proposto por Nakano provocaria recessão e prejuízos para aposentados. Até o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, entrou na campanha para dizer que um corte dessa ordem não é possível e que duvida que Nakano tivesse dito o que disse. Em campanha em Minas Gerais, Alckmin e o coordenador de seu programa de governo, João Carlos Meirelles, desautorizaram Nakano. "Não vai cortar. Isso não consta do meu programa (de governo). Não tem nada disso. Pelo governo só falo eu", disse Alckmin. Mais cedo, antes de Nakano falar no Rio, Lula já tinha insistido no discurso de que programa de governo do PSDB "representa o desmonte do Estado brasileiro". Alckmin reagiu: "Isso é desespero e mentira. Aliás, ele disse outra mentira, a de que vamos privatizar o Banco do Brasil, a Petrobras e a Caixa Econômica Federal. Infelizmente, a campanha do Lula é essa mentira sem parar".