Título: MINISTRO CRITICA PROPOSTA TUCANA DE CORTE DE GASTOS
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 11/10/2006, O País, p. 5

'A ação drástica é impossível', afirma Paulo Bernardo

BRASÍLIA. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, rebateu ontem a proposta de corte de gastos no próximo ano equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) feita no Rio pelo economista Yoshiaki Nakano, um dos responsáveis pelo programa econômico do candidato tucano à Presidência Geraldo Alckmin. Calculando em R$70 bilhões a menos para despesas, Paulo Bernardo disse que a ação é drástica e impossível, fruto da falta de informação e de conhecimento da realidade brasileira ou da tentativa "de se desviar do debate verdadeiro".

- O que digo é que, se alguém está dizendo que vai cortar gastos e carga tributária na semana que vem, ou no ano que vem, e vai fazer isso drasticamente, ou está se desviando do debate verdadeiro ou não tem as informações todas. Isso não será possível - afirmou Paulo Bernardo.

Segundo o ministro, as sugestões só podem ser um mal-entendido, pois tem "certeza que Nakano sabe que não é assim que se faz". Para Paulo Bernardo, a declaração só faria sentido se o integrante da equipe tucana que faz o programa econômico de Alckmin estabelecesse prazos:

- Até li uma notícia mas, com toda sinceridade, acho que deve ser um mal-entendido porque o doutor Nakano é uma pessoa da maior qualificação técnica, tem preparo. Duvido que ele tenha falado isso. Porque 3% do PIB, se pegarmos o PIB de R$2,2 trilhões no ano que vem, são em torno de R$70 bilhões de corte. Temos previstas despesas discricionárias, fora as despesas obrigatórias, R$91 bilhões - disse Paulo Bernardo.

O governo Lula, segundo o ministro, está tentando encontrar uma solução não-drástica, que permita uma redução gradual da carga tributária:

- Tem que ser uma solução que ao mesmo tempo seja passível de ser realizada, consistente do ponto de vista técnico e politicamente resolvida para ser aprovada.

Chinaglia acusa tucanos de privatizar estatais

Pelo segundo dia consecutivo o plenário da Câmara foi palco de debates eleitorais entre aliados do presidente Lula e do tucano Alckmin. O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), acusou Alckmin de esconder em seu programa de candidato ao governo de São Paulo que privatizaria estatais e, mesmo assim, tê-lo feito, coordenando o programa de privatizações.

Segundo o líder do governo, na época em que Covas foi para o segundo turno nas eleições para o governo de São Paulo, ele era presidente estadual do PT e fez um acordo de apoio à candidatura, desde que não houvesse privatizações no setor energético:

- Assumiram o compromisso. Mas privatizaram a Eletropaulo, privatizaram a CPFL, e só não privatizaram a Cesp porque a endividaram tanto e não conseguiram. E acabaram de privatizar a Ceteep.

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