Título: Frossard não vai à rua à noite por medo da violência
Autor: Bernardo Mello Franco
Fonte: O Globo, 11/10/2006, O País, p. 15
Candidata diz que eleitor com receio da criminalidade afasta-se a partir das 18h: 'Não é uma hora muito saudável'
O primeiro dia de campanha oficial do segundo turno não terá a presença nas ruas da candidata do PPS ao governo do estado, Denise Frossard. Apesar da desvantagem nas pesquisas, a deputada adiou o contato com os eleitores - permitido a partir das 18h - alegando que o horário é mais propício à violência do que à política.
- Não é uma hora muito saudável, porque a violência está nas ruas. Há uma pesquisa que diz que nesse horário as pessoas não voltam para casa diante do medo - afirmou.
Isolada pelas novas alianças do peemedebista Sérgio Cabral, a candidata cobrou ontem mais engajamento dos aliados que disputaram as eleições parlamentares em sua chapa. A reunião com 150 pessoas, num hotel da Zona Sul do Rio, teve a presença de apenas dois vencedores nas urnas: o deputado federal eleito Índio da Costa (PFL) e o deputado estadual reeleito André Corrêa (PPS). O candidato a vice-governador Eider Dantas fez um apelo pela participação dos correligionários na disputa.
- Os vagões do trem do Sérgio Cabral estão cheios. Os nossos estão vazios - disse Eider, que divulgou dois números de telefone para que os aliados peçam material de campanha.
Campeão de votos no estado para a Câmara, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que integra a coligação de Frossard e passou o dia em Brasília, disse que não pretende gravar participação no programa de TV da candidata.
- Vou votar nela, mas terei uma participação discreta na campanha porque estou ocupado com questões nacionais como a CPI dos Sanguessugas e a cláusula de barreira - disse Gabeira, que considerou "inadequada" a reação de Frossard à aliança entre o casal Garotinho e o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.
"União de homossexuais não é assunto de governo"
No início da tarde, após visita ao cardeal arcebispo do Rio, dom Eusébio Scheid, Frossard evitou opinar sobre a união civil de homossexuais:
- Isso não é assunto de governo. O capítulo do casamento (no Código Civil) tem uma série de requisitos que indicam ser entre homem e mulher. Como juíza temporal, você tem contratos, que amparam qualquer tipo de união.
A candidata disse ainda ter ficado chocada com a decisão do Tribunal Regional Eleitoral que tentou impedir, no primeiro turno, que os padres falassem sobre política nas igrejas.