Título: TUCANO NEGA HAVER `RISCO ALCKMIN¿ E SE CONTRADIZ AO FALAR DE CORTES DE GASTOS
Autor: Plínio Teodoro
Fonte: O Globo, 12/10/2006, O País, p. 4

Programa de governo do candidato prevê zerar o déficit nominal do governo

SÃO PAULO. O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou ontem não acreditar que as declarações do economista Yoshiaki Nakano, um dos principais formuladores de seu programa econômico, possam desencadear um ¿fator Alckmin¿ que influenciaria negativamente o mercado. Em seminário no Rio, Nakano defendeu cortes de gastos equivalentes a 3,4% do PIB e a adoção de mecanismos de controle cambial.

¿ Todos os indicadores econômicos são de crescimento em nosso (plano de) governo. Não tem nominado 4,4% ou 3,4%. Vamos fazer o que o Brasil precisa: política fiscal de melhor qualidade ¿ disse o tucano, em entrevista à Rádio Bandeirantes.

Defesa da redução do tamanho do Estado

O tucano chegou a negar, por duas vezes, ter divulgado em seu programa de governo meta para redução dos gastos públicos, contrariando seu coordenador de campanha, João Carlos Meirelles, que dissera anteontem que o partido trabalha com a possibilidade de redução de gastos equivalente a 4,4% do PIB nos quatro anos do mandato.

Na página 16 do plano de governo de Alckmin afirma-se que a regra básica da economia, caso ele seja eleito, será: ¿o governo não pode gastar mais do que arrecada¿. Segundo o documento, o programa visa a ¿criar condições para zerar o déficit nominal com cortes de despesas dos governos, incluindo juros, da ordem de 4,4% do PIB¿.

No fim do dia, durante campanha em Cidade Tiradentes, Zona Sul de São Paulo, Alckmin deu novas declarações, agora confirmando o índice de 4,4%.

¿ Vamos fazer o ajuste fiscal. Aliás, é o que aprendemos a fazer ¿ disse ele.

Na entrevista à Rádio Bandeirantes, Alckmin expressou seu ¿apreço pelo professor Nakano¿, que disse considerar um dos melhores economistas do país, antes de atacar a política orçamentária do governo Lula e defender o que chamou de melhoria nos gastos públicos.

¿ É preciso tirar das costas do trabalhador o governo ineficiente que gasta muito e mal. Se reduzir 3% do PIB, continuamos com déficit nominal, porque o déficit é superior a isto, ou seja, o Brasil não fecha as contas. O que vamos fazer é melhorar a qualidade do gasto público.

Para o tucano, é necessário que o país cresça sem deixar que os gastos públicos cresçam na mesma proporção. Alckmin disse que só há duas maneiras de ajustar contas: cortar gastos ou aumentar impostos.

¿ Tem muita coisa para poder cortar gastos. Vou fazer isto, e o que o meu adversário diz: que não vai cortar gastos. Então ele vai aumentar imposto.

Indagado sobre onde iria cortar, Alckmin disse que, primeiro, no combate à corrupção. Depois, defendeu a redução do tamanho do Estado.

¿ Só no governo do estado de São Paulo economizei R$4 bilhões com um instrumento de tecnologia da informação, que é a compra eletrônica. E também a descentralização, a redução do tamanho do Estado. Você acha que precisa ter 34 ministérios?

* Do Globo Online, especial para O GLOBO