Título: NO PAÍS, NASCEM DEZ EMPRESAS E FECHAM SETE
Autor: Selma Schmidt, Luciana Rodrigues e Bruno Rosa
Fonte: O Globo, 12/10/2006, Economia, p. 31

Falta de capacidade de gerência, crédito difícil, muito imposto e burocracia tornam difícil a sobrevivência de microempresas no Brasil. O Cadastro Central de Empresas, referente a 2004, divulgado ontem pelo IBGE constatou que, para cada dez empresas que nasceram em 2004, sete fecharam. Foram 529.587 empreendimentos fechados, levando junto 991.387 empregos com carteira assinada. E a quase totalidade das empresas que deixaram de existir é micro: empregam até quatro pessoas. Das 529 mil extintas, 96,65% estavam nessa faixa da ocupação. No Brasil, existiam em 2004 5,4 milhões de empresas, ocupando 37,6 milhões de pessoas.

¿ Falta de crédito e muitos impostos são os principais motivos para o fechamento dessas microempresas, que puxam o dado do Brasil. A participação das grandes empresas (com cem empregados ou mais) limitou-se a 0,04%. Mas a nossa taxa de mortalidade é semelhante à de países latinos, inclusive nas características ¿ disse Kátia Cilena Carvalho, técnica da Gerência do Cadastro.

Segundo a diretora de pesquisas do IBGE, Wasmália Bivar, a falta de informação, com pesquisa de mercado e planejamento, explica essa mortalidade concentrada nas pequenas:

¿ O microempresário acaba entrando no mercado sem muita formação.

O diretor de produtos do Sebrae-RJ, Bento Gonçalves, diz que pesquisa patrocinada pelo instituto mostra essa falta de habilidade gerencial nos pequenos empreendedores.

¿ Falta conhecimento sobre o seu negócio. Grande parte dos empreendedores tenta abrir o negócio por necessidade, não por vocação. Mas esse quadro está mudando ¿ afirmou Gonçalves.

O rendimento nas microempresas teve comportamento melhor. O salário médio real de R$916,52 ficou 6,4% menor que os R$978,24 observados em 2000. A perda se concentrou entre os empregados das grandes empresas, que perderam 7,7% do poder de compra. Segundo Wasmália, nas pequenas o salário mínimo é indexador obrigatório, pois a maioria paga esse valor aos empregados:

¿ Nas grandes, isso não acontece. (Cássia Almeida)