Título: NA TV, LULA AFIRMA QUE ACABOU COM A INFLAÇÃO
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 13/10/2006, O País, p. 9

Petista admite que errou ao não ir a debate no primeiro turno; Alckmin baixa o tom, mas critica presidente

BRASÍLIA. Na reestréia do programa eleitoral gratuito na TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, usaram estratégias diferentes para o segundo turno. Lula acusou tucanos de fazer uma campanha do ódio dividindo o Brasil e afirmou ter acabado com a inflação no país. O presidente admitiu que foi um erro não ter ido a debates no primeiro turno. Alckmin baixou o tom e preferiu explorar cenas do debate da TV Bandeirantes para passar uma imagem mais suave.

No programa da noite, Lula fez uma longa fala comparando seu governo e do ex-presidente Fernando Henrique. Segundo Lula, o projeto de nação dos tucanos e dos petistas são diferentes. Lula afirmou que enquanto o PSDB privatizou o país e desarticulou a economia, o PT estabilizou a economia, aumentou salários e empregos e libertou o país do FMI.

¿ Enquanto eles privatizaram, desarticularam a economia, encolheram os salários, diminuíram o emprego e submeteram o país aos interesses estrangeiros, nós acabamos com a inflação, estabilizamos a economia, aumentamos o salários, ampliamos emprego, nos libertamos do FMI, diminuímos a pobreza e a desigualdade social. Enquanto eles fazem uma campanha de ódio, dividindo o Brasil, nós estamos unindo a nação num projeto de futuro, onde há lugar para todos.

Lula diz que não vai deixar dossiê dominar campanha

Como vacina dos ataques de Alckmin, Lula afirmou que os tucanos acobertaram escândalos e evitaram CPI¿s, mas que o PT combateu a corrupção, mesmo quando teve que cortar na carne. Segundo Lula, o PSDB se aproveitou do que classificou de ¿grave erro¿ de alguns petistas que tentaram comprar um dossiê. Ele disse ainda que não permitirá que esse tema tome conta da campanha.

Para justificar sua ausência nos debates do primeiro turno, Lula disse que deseja uma campanha sem baixarias:

¿ Foi por isso que cheguei a evitar comparecer a alguns debates no primeiro turno. Hoje admito que me equivoquei, porque minha posição foi mal interpretada e não freou a baixaria de meus adversários.

Pela nova estratégia do marqueteiro João Santana, o programa comparou com números resultados do seu governo com o de Fernando Henrique e encerrou apresentando o apoio de dez líderes regionais, entre governadores eleitos, candidatos aos governos estaduais que disputam o segundo turno e senadores. No programa da tarde, Lula explorou seus melhores momentos no debate da Band.

Já Alckmin repetiu o programa da tarde à noite. O tucano tentou passar uma imagem mais suave do que a do debate. Mesmo assim, foi mostrado o trecho inicial do confronto, quando ele questionou a origem do ¿dinheiro sujo, em dólares e reais, para comprar um dossiê fajuto¿.

Ao explorar essa cena, o programa ressaltou que, quando foi preciso, Alckmin falou duro com Lula. Mas na maior parte da edição, foram realçados trechos em que Alckmin aborda propostas na área de saúde, segurança, emprego e educação, além da decisão de vender o avião presidencial, o Aerolula, caso seja eleito.

A estratégia do marqueteiro de Alckmin, Luiz Gonzalez, foi a de explorar o mote de que o ¿PT já teve sua chance e não fez¿. Numa das poucas vezes em que Alckmin aborda diretamente o tema da ética, ele evitou entrar em detalhes e falou que ¿o Brasil dos escândalos e dos impostos¿ tem que ficar no passado.

Alckmin se defende e diz que ampliará Bolsa Família

Alckmin respondeu aos ataques dos adversários ¿ que o acusam de querer acabar com programas sociais ¿ e afirmou que iria manter, melhorar e ampliar o Bolsa Família. O tom mais propositivo ficou claro no primeiro programa ao ressaltar o ¿Plano Nacional de Desenvolvimento¿, que prevê obras para a geração de emprego e renda.

Outra estratégia é a de explorar as imagens externas de Alckmin em tom jornalístico, onde o candidato visita locais para abordar problemas do Brasil como a segurança nas fronteiras, o abandono das estradas federais em estados como o Maranhão e a precariedade dos transportes públicos.

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