Título: PRESO OUTRO ACUSADO DA GUERRA DOS CAÇA-NÍQUEIS
Autor: Isabela Bastos
Fonte: O Globo, 14/10/2006, Rio, p. 21

Ex-agente da Polícia Federal é apontado como integrante do grupo ligado ao contraventor Rogério Andrade

Policiais da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil prenderam anteontem à noite, num restaurante em Búzios, o ex-policial federal Paulo César Ferreira do Nascimento, conhecido como Paulo Padilha. O ex-agente tinha contra ele um mandado de prisão expedido em agosto pela 1ª Vara Criminal de Bangu, onde tramita processo em que ele e outras 28 pessoas, incluindo o contraventor Rogério Andrade, são acusadas de formação de quadrilha na disputa pelo controle de pontos de caça-níqueis na Zona Oeste.

Bando seria formado por policiais e bombeiros

O grupo havia sido denunciado pela 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público estadual, com base em investigações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Segundo a denúncia do MP, Paulo Padilha faria parte, com outros policiais militares e civis e bombeiros, do grupo de Rogério Andrade. O contraventor foi preso em setembro pela Polícia Federal, acusado de participação na morte do agente da PF Aluízio Pereira dos Santos, em 31 de maio deste ano, em Realengo.

O advogado de Paulo Cesar, Mário Cunha, acompanhou a apresentação do ex-policial na Core ontem de manhã e negou que seu cliente tenha envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. Segundo ele, o acusado é comerciante e proprietário da casa de shows Via Brasil, em Bangu, entre outros estabelecimentos comerciais na Zona Oeste. Numa rápida consulta à lista telefônica disponível no site da Telemar, a casa de shows aparece com o nome de Via Brasil Rio West Show, fixada no número 31.981 da Avenida Brasil.

Ainda de acordo com o advogado, o nome de Paulo Cesar constaria do processo criminal por engano. Ele estaria sendo confundido com seu irmão, Moacir Ferreira do Nascimento, morto numa emboscada em novembro de 2004. Segundo Cunha, Moacir era acusado de ligação com a empresa Rio Oeste Games, apontada pelo inquérito da Draco como sendo de Rogério Andrade. Moacir tinha 51 anos quando foi morto, em 12 de novembro de 2004, ao sair de casa, em Bangu, num Ford EcoSport. Investigações da época dera conta que ele foi fuzilado por um grupo de encapuzados.

¿ Paulo Cesar é formado em direito e administração de empresas. É comerciante e está sendo confundido com o irmão, que foi acusado de participação no esquema. Paulo e Moacir tinham o mesmo apelido de Padilha, por causa da amizade do pai deles com um delegado que tinha esse sobrenome. Mas quem era acusado de participação no grupo de Rogério Andrade era Moacir ¿ alegou Mário Cunha.

Paulo César foi preso às 23h30m de anteontem por dez policiais da Core, enquanto jantava no restaurante Chez Michou, na Rua das Pedras, em Búzios. Segundo o delegado titular da Core, Marcos Reimão, ele estava sozinho e foi abordado por policiais à paisana. A coordenadoria investigava o paradeiro de Paulo desde a decretação de sua prisão. Na quarta-feira, recebeu a informação de que o ex-policial tinha sido visto em Búzios. Foi então montado um plantão na Rua das Pedras, à espera da passagem do acusado.